Sertao_paraibano_14[1]Por Adelmo José dos Santos, escritor e poeta serra-talhadense

Depois de passar 35 anos morando na cidade de São Paulo, eu voltei pro meu sertão encontrei tudo mudado.  Com os matutos em extinção tudo agora é diferente, todo mundo fala gírias ninguém fala mais oxênte. Foi o tempo da vergonha, da moral e do pudor. Hoje em dia no sertão só não vê quem não quiser, é homem pegando homem e mulher pegando mulher, o cabra macho dar leite como a vaca Salomé.

Esse sertão de agora não condiz com Gonzagão, que cantava e decantava nos seus discos e nos seus shows, um sertão de mulher séria de homem trabalhador, o que era vergonhoso o tempo banalizou, no plim! Plim! Da Rede Globo foi embora o pudor só tem conversa fiada e bigodes sem valor, o que já foi coisa séria com o tempo se acabou.

Os valores éticos e morais foram parar nos currais, misturando com os estrumes feitos pelos animais. Foi o tempo que o cabaré era uma zona adequada, agora é em qualquer canto pelas ruas e nas calçadas. Quem quiser ver como é só precisa abrir a porta quando for de madrugada, se caminhar pelas ruas vai pisar em camisinha que acabou de ser usada. O jumento que era símbolo considerado um irmão, hoje vive abandonado nas estradas do sertão. Na caatinga o que se vê é o vaqueiro sem cavalo, o vaqueiro anda de moto acelerando atrás do gado.

O sertão está mudado um sertão conectado ligado no celular, agora é tudo bacana todo mundo hoje em dia conhece Copacabana. Ninguém cheira mais torrado até mesmo o tabaco ninguém sabe como é, foi o tempo do rapé, pra todo lado tem drogas é cheio de bocas de fumos pelas ruas e nas esquinas, tem gente usando crack e cheirando cocaína.

A maconha sai do pé pelas ruas pelas praças, pelos centros esportivos é um salve-se quem puder. Hoje em dia no sertão está tudo liberado galinha canta de galo não tem mais o garnisé, o papagaio dar o rabo cansado de dar o pé. Todo mundo solta a franga não tem mais ninguém guardado, basta só piscar o olho pra saírem do armário. Agora o cabra da peste é um mito é ficção, só existe no cinema nos filmes de Lampião.