Após um profundo silêncio, o deputado Sebastião Oliveira (PR) resolveu abrir o seu coração com relação aos últimos acontecimentos políticos. Carismático, o deputado recebeu o FAROL nesta quarta-feira (19), em sua residência em Serra Talhada, e teve uma conversa franca com jornalista Giovanni Sá sobre a relação política com o seu primo, Inocêncio Oliveira.
Nesta primeira parte da conversa, que dividiremos em duas, Sebastião confirma que é pré-candidato a deputado federal, mas não quer um cabo de guerra com o deputado Inocêncio Oliveira. Na segunda parte, que será editada amanhã (20), ‘Sebá’ analisa o governo Duque e manda um duro recado para o secretário de Saúde, Luiz Aureliano. Confira a primeira parte da entrevista.
ENTREVISTA – DEPUTADO E PRÉ-CANDIDATO A FEDERAL SEBASTIÃO OLIVEIRA
FAROL – Deputado, na semana passada Inocêncio Oliveira surpreendeu o cenário político estadual, pois, após ter anunciado sua saída da política, estaria retornando. Isto depois de ter conversado com o senhor e com o grupo de aliados sobre a desistência dele. Como é que o senhor recebeu essa informação?
Sebastião Oliveira – Eu continuo tratando essa informação como especulação. Por que? Porque quando o deputado Inocêncio Oliveira fez o pronunciamento, em setembro, veio um movimento em que participamos, com quatro reuniões consecutivas, duas na casa dele, uma (na sede) do partido e outra com a presença do governador Eduardo Campos. Em todas as reuniões, nós fizemos um apelo para que ele não deixasse a vida pública e ele disse que era irreversível. Então, a partir daí nós começamos a fazer as nossas movimentações, inclusive orientadas por ele (Inocêncio). Em seguida, na quinta reunião, ele convocou a imprensa e os prefeitos, e me indicou como sucessor.
FAROL – O que aconteceu após estas movimentações?
Sebastião Oliveira– Nós evoluímos e daí conseguimos o apoio de 14 prefeitos de mandato, 17 ex-prefeitos que fazem oposição em seus municípios e mais 10 municípios onde temos dois vereadores, presidentes de câmara, outros vereadores, vice-prefeito e vereadores, mais 10 que chamamos de “3ª via” no mapa e nós vamos aí em 42 municípios.
Então, até agora, o deputado Inocêncio Oliveira não me comunicou absolutamente nada. E nesse tempo, nós fizemos uma reunião de reavaliação em dezembro. Eu e Rogério Leão (ex-prefeito de São José do Belmonte). Eu tenho anotado em casa um mapa, do punho do próprio deputado. Ele colocou que eu tinha 92 mil e 500 votos. Eu era mais conservador, colocava que tinha 85 mil votos; ele dizia que achava que eu já estava com 92 mil e 500.
De dezembro até fevereiro, nós avançamos mais ainda. Conseguimos nesse intervalo, o apoio do prefeito de Mirandiba, conseguimos o apoio de outras lideranças, como Aroldo de Verdejante e de mais 5 vereadores. Ampliamos nosso apoio em Salgueiro, que lá tínhamos só o presidente da Câmara, também tínhamos o apoio de Antônio Pires e de outras lideranças. E aí avançamos um pouco mais.
FAROL – Mas o anúncio do deputado Inocêncio, de que era candidato a reeleição, aconteceu após o carnaval?
Sebastião Oliveira – Antes do Carnaval, sentamos novamente para fazer uma nova reavaliação; eu, Rogério Leão e Inocêncio. Ele colocou que não era candidato de jeito nenhum. Durante o Carnaval eu falei com ele na terça-feira, por telefone, ele disse que eu continuasse, que ele não era candidato. No dia da morte de Sérgio Guerra, nós nos falamos de novo por telefone, na quinta-feira, e ele disse que não era candidato. E a partir dessa quinta-feira seguinte, eu comecei a receber ligações de prefeitos dizendo que Juliana Galvão, a sua secretária, estava ligando para todos os prefeitos, comunicando que o deputado Inocêncio era candidato.
O que me deixa pasmo em toda essa situação é que, com Rogério, Inocêncio chegou a ter uma conversa; então posso falar por mim que não tive nenhuma conversa com Inocêncio à respeito deste assunto. Nos encontramos na AMUPE, segunda-feira (17), e no encontro da AMUPE, nós tratamos sobre a inauguração da UPA aqui em Serra Talhada, e nesse encontro da inauguração da UPA, nós tratamos só desse assunto. E ele não tocou em absolutamente nenhum assunto de que seria candidato. Então estou dizendo à você que, até hoje, eu sou o pré-candidato à Deputado Federal. Não recebi nenhuma sinalização contrária ainda do Deputado Inocêncio Oliveira e estou lhe contando aqui resumidamente a história que nós percorremos de setembro pra cá.
FAROL – O senhor pode recuar da sua pré-candidatura a deputado federal?
Sebastião Oliveira – Acho muito difícil eu declinar desse retorno porque, se eu for mexer agora com minha volta à Deputado Estadual, eu mexo com vida de Rogério Leão, mexo com a vida e com as expectativas de muita gente e com o trabalho que foi feito durante esses 6 meses.
E acho que o Deputado Inocêncio Oliveira é um homem de responsabilidade, acima de tudo; ele quando tomou a decisão estava maduro, eu nunca tive a pretensão de abraçar todos os candidatos à prefeito do Deputado Inocêncio Oliveira, até porque eu não tinha estrutura nem tempo nem a pretensão de ter 200 mil votos como ele teve.
Minha pretensão era de ter metade desses votos, chegar bem no Congresso e começar a construir uma nova história, representando o partido, representando Serra Talhada e representando Pernambuco. E acho que é muito difícil de ele (Inocêncio) retornar; se essas suspeitas confirmarem, eu acho muito difícil dele recuar. Até porque o modus que foi feito toda essa coordenação foi um modus que foi todo coordenado pelo Deputado Inocêncio durante esses 6 meses.
E eu não tenho agora como dizer à Rogério “Olhe, tu não vai ser candidato à nada.” Não posso chegar nos prefeitos e nos municípios, ontem mesmo eu estava fazendo agenda política em Angelim, tenho lá três vereadores (o presidente da câmara, o primeiro secretário e outro vereador) e eles me perguntaram: “O senhor continua como candidato?”. Eu respondi que continuava sim, mais do que nunca, porque continuo fazendo a minha agenda.
FAROL- Como será a sua agenda com esta sua decisão de se manter no páreo?
Sebastião Oliveira – Hoje à noite eu vou para Venturosa, cumprir uma agenda política com o prefeito Ernanes. Já falei com ele pela manhã. E tenho ligado aí para prefeitos de apoio e as pessoas tem me dito que não tem mais como retornar. Respeitam muita a história política do Deputado Inocêncio, são gratos à ele, mas que não tem mais como declinar, como retornar de uma pré-candidatura que nós estamos fazendo há 6 meses nesses municípios. Andando pelos municípios, colocando emenda, realizando obras, nos dispondo nos eventos, fazendo reuniões seguidas com vereadores e lideranças; e de repente a gente ter que desmontar todo um prédio que foi construído pelo próprio Deputado Inocêncio Oliveira.FAROL – Então o senhor está confirmando que, caso haja essa oficialização por parte do Deputado Inocêncio, o senhor ratifica que continua sendo candidato? O senhor tem recebido solidariedade dos prefeitos da sua base?
Sebastião Oliveira – Tenho! Tenho recebido solidariedade dos prefeitos da base sim. Quero dizer que dos 14 prefeitos que eu tinha contato, 11 já disseram que não recuam. Inclusive deram espontaneamente entrevistas à Magno Martins e conversado comigo por telefone. Eu vou conversar com o 12º hoje, em Venturosa; outro já conversei por telefone, o de Teresinha que deve muitos favores à Inocêncio, que não entende porque é que ele tá voltando já que o próprio pediu para votar em mim.
Então, eu aguardo definição. Agora o que eu não quero é criar um cabo de guerra contra o Deputado Inocêncio Oliveira, principalmente aqui em Serra Talhada. Eu tenho um respeito enorme ao Deputado, estava calado até o dia de hoje; a primeira pessoa com quem estou falando é com você (Farol) você está sendo o primeiro agente da mídia política em que eu estou me expressando, porque é daqui da minha terra.
FAROL- O senhor é pré-candidato mas não quer confronto com o deputado Inocêncio Oliveira?
Sebastião Oliveira – Eu quero dizer que quero evitar um clima de cabo de guerra. Eu acho que nós já temos confusão demais para administrar dentro do partido e temos confusão demais, temos uma eleição muito difícil no cenário nacional e no cenário estadual. E a gente precisa partir unidos; sempre fui unido com o Deputado Inocêncio, nos momentos em que ele me convocou para todas as missões, eu fui como ele, como também com o Governador Eduardo Campos. E a gente precisa entender que, nesse momento, o projeto estadual e nacional é mais importante do que a minha candidatura e a candidatura do Deputado Inocêncio.
Nós precisamos ter essa consciência de que não podemos criar um cabo de guerra nem uma oposição da oposição. Não vou deixar chegar à esse clima. Hoje tinha gente de rádio local aqui, dizendo “Sebastião não abre nem com um trem”, “Sebastião não sei o que”. Na realidade, é a mídia espontânea que está colocando isso, eu não coloquei uma nota em jornal, eu não fui à blog; a primeira pessoa que estou falando é com você, repito. Eu não plantei nota em absolutamente lugar nenhum! Agora, obviamente, a mídia espontânea de Pernambuco tá me ajudando, porque é muita incoerência você tratar desse assunto de 6 meses pra cá, sempre dizendo ‘a’ e de repente tentar retornar, então digo que a mídia espontânea está me ajudando.
FAROL- Por quê o senhor não se pronunciou tão logo apareceram as notícias da decisão do deputado Inocêncio Oliveira?
Sebastião Oliveira – Agora, eu não dei nenhuma declaração, eu vou ter a maior paciência do mundo, eu tenho total respeito pelo Deputado Inocêncio, gosto muito dele, sempre fui correto e leal à ele em todos os momentos que ele me convocou , inclusive pra essa missão de ser candidato à Deputado Federal, foi convocação dele.
Agora a gente precisa ter a consciência aqui em Serra Talhada, principalmente, pessoas que fazem jornalismo na cidade, que se tiverem apostando que eu vou brigar com o Deputado Inocêncio e criar um cabo de guerra com ele, eu não vou. Eu acho que a política é uma arte de discussão e de conversa. E nós vamos conversar, no momento certo. Só estranho não ter sido comunicado de absolutamente nada até agora. Porque, quando foi para me convocar, me convocaram, fui todas as reuniões. Enfim… Segunda-feira estive com o Governador, na residência dele, antes dele ir pra Surubim.
Conversei muito tempo com ele, não sobre esse assunto, até porque eu disse ao Governador que me considerava candidato porque não tinha recebido nenhum sinalização contrária do Deputado Inocêncio. E conversamos sobre obras, sobre inauguração em Serra Talhada, sobre o projeto nacional dele, sobre a pré-candidatura de Paulo Câmara… Enfim. Eu continuo candidato à Deputado Federal.
FAROL – Deputado Sebastião, o Deputado Inocêncio, nas poucas vezes em que se manifestou sobre esse assunto, justificou que era um pedido Governador. O senhor acabou de falar que esteve com Eduardo Campos e não tocou nesse assunto. O senhor acha que o Governador possa vir a intervir junto ao Deputado Inocêncio Oliveira? E fechando a pergunta, não acha que cria um clima de racha entre o grupo de vocês em Serra Talhada? Como é que ficam os aliados aqui, o grupo do PR?
Sebastião Oliveira – Esse é cuidado que teremos que ter. Na realidade, esse mandato de federal é um mandato que pertence à Serra Talhada, o Deputado Inocêncio, com todo mérito, conquistou anos atrás. Acho que minha maior preocupação nesse momento é exatamente não criar esse clima de racha aqui em Serra Talhada.
A gente sabe que precisamos que estar unidos. Já falei isso anteriormente com você, que devemos estar unidos. Se for uma solicitação e um apelo do Governador Eduardo Campos, do jeito que o Deputado me convocou para ser pré-candidato à Deputado Federal, e o avalista foi Eduardo Campos, eu acho que se ele tá dizendo que foi o Governador, marque uma reunião com o Governador e vamos para Eduardo Campos dizer à mim e à ele que não me quer candidato e que quer o Deputado como Deputado. E aí eu vou entender, mas segunda-feira eu despachei com Eduardo, por duas horas, e eu não perguntei sobre o assunto, e ele também não me disse que se fez algum apelo ao Deputado Inocêncio Oliveira. Então, se ele fez, vamos marcar uma reunião.
FAROL- Então, o governador é um entusiasta da sua pré-candidatura?
Sebastião Oliveira- Do jeito que Eduardo foi avalista da primeira reunião, e mais outras 3 reuniões internas que tivemos dentro do partido, com Rogério Leão, com o Deputado Alberto Feitosa, com o Deputado Inocêncio Oliveira, na presença do Governador; eu acho que se o apelo foi do Governador, ele precisa me dizer também e até agora não fui comunicado, nem pelo Governador nem pelo Deputado Inocêncio Oliveira. Primeiro que ele é candidato e segundo que o Governador fez um apelo pra essa candidatura.
O que eu sei é que o Governador me disse domingo (16) que minha candidatura era muito importante para o projeto de Paulo Câmara aqui na região. Isso eu posso lhe dizer que ele me afirmou, de que era muito importante a minha candidatura na região no projeto da Frente Popular, na pré-candidatura de Paulo Câmara, do Senador Fernando Bezerra Coelho e que nós tínhamos um papel importante à cobrir na tarefa aqui em Serra Talhada e na região. Então é um pouco incoerente. Essas informações não batem com o que eu vi domingo do Governador Eduardo Campos.
28 comentários em 1ª MÃO: Em conversa com o FAROL, Sebastião Oliveira revela planos para a disputa em 2014