Por Giovanni Sá, editor do Farol

Publicado às 04h20 desta sexta-feira (5)

Começar um novo ano remete fazer reflexões sobre o que passou, buscando ajustar desacertos e traçar perspectivas para o embate de mais 365 dias no calendário. Folhinha por folhinha.

Isso vale muito para o ponto de vista pessoal, em retirar do armário os medos que não foram vencidos e traçar metas para vence-los.

Entretanto, fecho o diário do que passou e vou tentar abrir o meu diário sob o ponto de vista de 84 mil habitantes da terra em que nasci, corri nu pelas ruas quando criança e testemunhei um crescimento muito desigual. Por ser Brasil, poucos com muito e muitos com quase nada.

Mas 2017 ainda é um fantasma em meio ao descortinar de 2018.

Ficamos no meio do caminho ou não saímos do ponto de partida em muitas coisas. Como jogar no fundo do armário 41 homicídios praticados em 2017, com quase nada de punição? Como jogar no fundo do armário a ausência de um Instituto Médico Legal (IML) para evitar que ‘presuntos’ passem a noite ao relento a espera de um ‘rabecão’ que só vive quebrado?

Como jogar na vala dos esquecidos a ausência de uma delegacia da mulher e os feminicídios praticados em Serra Talhada que serviram apenas para alimentar estatísticas? Quem será a próxima vítima?

Mais a corda ainda vai ao fundo do poço.

Como conviver com o ‘fantasma’ de um Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) que há quase quatro anos tornou-se retórica de embates políticos sem absoluta solução? Como amargar a total desfaçatez das desculpas esfarrapadas para tudo isso? Ter sangue de barata?

Mas vamos além.

E o que faremos em 2018 para implantarmos um simples sistema de segurança com câmeras de videomonitoramento que assegure um ir e vir mais seguro? Faremos quantas rifas para uma esmola dessas?

E o que dizer de um Ministério Público que na maioria das vezes contempla tudo isso no limbo da sua omissão? Quantos abaixo assinados terão que ser feitos para que a Justiça faça o seu papel?

Ora, são muitas interrogações não é verdade?

Mas a impressão que tenho é que estamos no ‘reino do faz de contas’ e as perguntas existem porque 2017 ainda é um fantasma. Em Serra Talhada, foi um ano que não terminou. E tenho dito!