40 anos sem Mané: relembre as histórias de Garrincha em Pernambuco

Garrincha com a camisa do Santa Cruz de Belo Jardim – Foto: Reprodução

Por Folha Pe

 

“A um passe de Didi, Garrincha avança. Colado o couro aos pés, o olhar atento. Dribla um, dribla dois, depois descansa. Como a medir o lance do momento. Esse é um trecho de um poema escrito por Vinícius de Moraes. O nome do soneto entrega a fonte de inspiração: “O Anjo das Pernas Tortas”. O apelido de alguém que já tinha outro apelido. Manoel Francisco dos Santos era “Mané”, mas não em sentido pejorativo, pecha de quem tem pouca inteligência. Ele era um mané diferente. Um Mané Garrincha, em alusão ao pássaro marrom que caçava no bairro de Magé, em Pau Grande/RJ, cidade em que nasceu. Um dos maiores jogadores da história do Brasil. Há exatos 40 anos, ele se despediu da vida e, assim como a ave, voou ao céu. Não faltam histórias sobre o craque bicampeão mundial com a Seleção Brasileira e de parceria invicta com o Rei Pelé. Aqui, serão relembradas algumas que unem o camisa 7 e Pernambuco.

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Com a camisa do Botafogo, Garrincha enfrentou por diversas vezes o Trio de Ferro da Capital. Também teve embates contra os pernambucanos atuando pela Seleção do Rio de Janeiro. Um, em especial, aconteceu em 1955. O Náutico venceu os cariocas por 2×1, em amistoso na Ilha do Retiro. O camisa 7 foi parado pelo lateral alvirrubro Jaiminho. Apertando a mão do adversário, disse: ‘tu joga tanto quanto o compadre Nilton (Santos)! Hoje eu fui o ‘João!’”.

O jornalista Lenivaldo Aragão também contou uma história curiosa envolvendo Garrincha e um pernambucano que também fez história no Botafogo, o lateral Rildo. “Eles estavam em uma excursão no México. Uma noite, Garrincha chamou Rildo para ir em uma boate. Contratou até uma banda de mariachi (gênero musical popular no país). O problema é que Mané não pagou. Eles chegaram de madrugada ao hotel e os músicos foram atrás, querendo o dinheiro. O chefe da delegação pagou e deu uma bronca…em Rildo! Mandou ele voltar ao Brasil. Nilton Santos interferiu, dizendo que ele foi ‘na onda’ de Mané”.

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Garrincha pelo interior

Já aposentado oficialmente dos gramados, Garrincha fez alguns jogos em Pernambuco. Em 1973, no estádio Nildo Pereira de Menezes, em Serra Talhada, jogou por um time formado por atletas amadores da cidade. No mesmo ano, vestiu a camisa do América, de Petrolina, contra o Veneza, de Juazeiro/BA. A ideia, inclusive, era de que Mané jogasse um tempo por cada equipe, mas os dirigentes do clube baiano se negaram para não “prejudicar o entrosamento dos titulares”. Coisas da rivalidade entre os municípios separados pelo Rio São Francisco. Os petrolinenses ganharam por 2×1 e tiveram a honra de posar para foto ao lado de um gênio.

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Em 1974, o ídolo botafoguense vestiu a camisa do Santa Cruz de Belo Jardim, no Agreste pernambucano, em um amistoso contra o Comercial, de Pesqueira. Vitória por 2×1 dos mandantes, com participação do craque nos gols.

Origem indígena

No livro “A estrela solitária”, do jornalista Ruy Castro, é dito que os pais de Garrincha vieram de uma tribo indígena que existia nas regiões do Agreste e Sertão de Pernambuco, próximo ao estado de Alagoas. “Ainda há parte dessa tribo, dos fulni-ôs, em uma área de Águas Belas, no interior pernambucano. Eles falam, além do português, o iatê, única língua indígena ainda viva no Nordeste”, frisou Lenivaldo.