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Fotos: Alejandro García/FAROL

Em conversa com o FAROL, nesta quinta-feira (27), a família do bebê Thiago Julio, de 7 meses, encontrado morto no início da semana no bairro da Cagepe, disse que o resultado do laudo preliminar emitido pelo IML de Caruru atestou que a morte da criança foi ocasionada por um quadro generalizado de infecção e insuficiência respiratória. Os familiares defendem que a mãe, Fabiana da Silva, 27 anos, não praticou qualquer violência contra o bebê. “Ela deu provas de que cuidou muito bem dos seus cinco primeiros filhos”, defendeu a avó de Fabiana, Francisca de Souza, 80 anos.

Ela revelou que o seu bisneto vinha enfrentando um preocupante quadro respiratório, chegando a passar semanas acometido por fortes tosses acompanhadas de muita secreção. “No entanto, por mais que a gente pedisse para que ela (Fabiana) levasse a criança no médico, ela se negava, dizendo que o bebê estava bem, pois tinha criado cinco filhos sem viver indo para médico nenhum”, relatou a avó. Dona Francisca contou que a neta começou a precisar de acompanhamento psiquiátrico após ser vítima de um acidente de moto há cerca de um ano.

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“Ela bateu forte com a cabeça, foi operada e desde então os médicos disseram que ela deveria tomar um remédio para a cabeça, mas ela teimava em não tomar. Dizia brincando que era veneno”, contou. Dona Francisca lembrou que o Conselho Tutelar pediu para que a criança saísse dos cuidados da mãe, mas isso foi difícil de cumprir. “Porque ela (Fabiana) dizia que ninguém ia pegar o filho dela, que se pegassem ela iria tomar de volta de todo o jeito”.

“Minha neta ama demais os seus filhos e nunca iria maltratá-los”, defendeu a avó de Fabiana Silva

AMOR PELOS FILHOS

Fabiana da Silva continua internada numa clínica psiquiátrica da cidade após sofrer tentativa de linchamento de vizinhos. Na opinião da avó, a neta estampava um amor incondicional pelo filho falecido. “Ela sempre o amou muito e cuidou com carinho de todos”. Dona Francisca atribuiu a culpa pela chegada do Conselho Tutelar e da Justiça na casa da família “a uns vizinhos fofoqueiros da rua”. No episódio que ele caiu da cama, dona Francisca contou que a criança bateu a testa no chão e a boca.

“Mas sangrou só um pouquinho”. Mesmo após a queda, a criança não foi levada ao médico. No outro dia, a família encontrou Thiago Júlio sem vida. “Teve um dia que minha neta havia comprado móveis novos e então decidiu queimar os antigos. Aí os vizinhos pensaram que ela estava tocando fogo dentro de casa com o bebê dentro. Foi por essas fofocas que o Conselho Tutelar veio aqui”, disse a idosa. Dona Francisca revelou que a neta ainda não sabe que o filho morreu.

CONSELHO TUTELAR

O FAROL conversou com o Conselho Tutelar. De acordo o conselheiro Antônio Alves, o órgão foi acionado por duas vezes pelos vizinhos da família, que denunciaram maus tratos e negligência de Fabiana Silva com a criança. Na última sexta-feira (21), o Conselho havia expedido uma medida protetiva orientando para que o bebê fosse retirado da guarda da mãe e entregue aos cuidados de outros familiares ou que fosse deixado numa casa de apoio.

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“Nós já iríamos fazer essa transferência da criança para uma casa de apoio na segunda-feira, mas o bebê veio a falecer antes. Nós poderíamos ter orientado pela retirada do filho da guarda da família antes, logo na primeira vez que registramos a denúncia, mas pensamos que existia a possibilidade da criança ficar nos cuidados da avó, o que não aconteceu”, lamentou Antônio Alves.

LAUDO DEFINITIVO

Em conversa com o FAROL, a Polícia Civil informou que o laudo que a família está em mão é apenas o que constata a declaração de óbito do bebê, pois o laudo definitivo é composto por todas as especificações técnicas das causas que levaram à morte da criança.

“O laudo que estamos aguardando é detalhado, é completo e vem com todas as especificações, pois é feito informando os detalhes da necrópsia. Só com ele em mãos é que a polícia poderá dar uma maior aprofundamento no inquérito”, informou o comissário de polícia, Cornélio Pedro da Costa. O laudo deverá chegar nos próximos dias na Delegacia de Polícia Civil de Serra Talhada.

 Dona Francisca: o bebê passou cerca de um mês com muita secreção sem ir a um médico