
Há uma aversão muito grande na cabeça das pessoas de serem chamadas de negras. O sistema escravocrata da época da colonização parece não ter saído das nossas cabeças, ser adjetivado de negro é uma ofensa para aqueles que não enxergam o que está diante de seus olhos. Traços tão marcantes de uma história de sofrimento e luta deveriam ser símbolos de luta e resistência, o cabelo afro, o turbante, a religiosidade de matriz africana, as comidas, as expressões do nosso idioma, a musicalidade, a dança, o esporte. Nosso cotidiano está repleto de negritude que é negada na hora de assumir a cor/raça.
Após a nova onda ou moda dos cabelos cacheados vi crescer a adesão de mulheres e homens serra-talhadenses deixarem seu afro florescer, foi muito bonito. Porém, junto dos cachos cresceram os olhares e comentários maldosos associando a outras piadas racistas. Muitas dessas anedotas sem graça são mais comuns do que se imagina: ‘dia de branco’ – como se só os brancos trabalhassem; ‘denegrir’ – verbo com mesma raiz
Muito do racismo velado, da vergonha de ser negro e das tentativas de embranquecimento – seja negando sua cor dizendo-se moreno, cor de chocolate, alisando os cabelos, hipersexualizando e exotizando os negros – é reproduzido em diversos lugares, no mundo, no Brasil e em Pernambuco. Entretanto, em Serra Talhada, o que incomoda é a falta de debate com relação a todos esses assuntos. Será que as escolas debatem? Será que os poderes e instituições públicas debatem? Será que você já debateu consigo mesmo? Não espere que o racismo responda essa pergunta por você, combata primeiro!
7 comentários em Por que os negros de Serra Talhada não se reconhecem como tal? Até quando?