Fósseis 500 mi de anos surpreendem cientistasDa Folha de PE

Um conjunto de fósseis de organismos nunca vistos antes foi encontrado em uma das margens do rio Danshui, perto da junção com o rio Qingjiang, na China. O sítio arqueológico data de aproximadamente 518 milhões de anos atrás. A descoberta pode ajudar a detalhar os motores evolutivos da explosão cambriana, momento na história da Terra onde houve surgimento e diversificação de diversos filos de animais.

Os pesquisadores responsáveis pelo achado afirmam que 53% dos animais e algas encontrados na biota de Qingjiang são desconhecidos. Foram coletados, segundo a publicação na revista Science, na semana passada, 4.351 espécimes.

O sítio chinês, de acordo com o artigo, pode ser comparado com algumas das principais jazidas arqueológicas do cambriano, como o folhelho burgess -descoberto no Canadá, em 1909, por Charles Walcott- e o sítio de Chengjiang, também na China.

Um diferencial da nova jazida arqueológica é a extensa presença, diversidade e preservação de fósseis de cnidários, incomuns nos outros importantes sítios. Em Qingjiang, foram encontradas formas de pólipo e medusa -representados, por exemplo, por anêmonas e águas-vivas- do filo.

Os grupo das ecdysozoa, composto por artrópodes, nemátodes e outros filos, é o mais diversos achado no sítio.

Em um comentário sobre a pesquisa na própria revista Science, a paleontóloga Allison C. Daley afirma que a “coleção de tesouros da biota de Qingjiang fornece uma oportunidade excitante para explorar como as condições paleoambientais influenciaram a estrutura ecológica e a evolução durante a explosão cambriana”.

A pesquisadora afirma que os dados coletados no sítio arqueológico poderão, por exemplo, ajudar a determinar se ctenóforos -conhecidos como águas-vivas-de-pente- ou poporíferos são os animais mais basais. “Um debate que continua sem solução, mesmo com dados moleculares”, diz.

A descoberta da biota de Qingjiang “oferece uma fotografia da comunidade animal de 518 milhões de anos atrás”, diz Daley.