Qual a parcela de culpa dos homens na enchente?

Foto: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 05h25 deste domingo (29)

Por Gustavo Alves de Carvalho, Engenheiro Civil de Serra Talhada

Desde a noite da quarta (25) o nível do rio Pajeú começou a subir de forma mais intensa, e parte da população acompanhou até o início da madrugada, vendo a velocidade com que a água adentrava pela parte baixa do centro da cidade, dando um prelúdio do que estava por acontecer.

Continua depois da publicidade

Na manhã desta quinta-feira, infelizmente se constatou que o nível subiu além do esperado. Ainda não se sabe ao certo a quantidade de pessoas afetadas, entre moradores e comerciantes, mas fato é que os danos causados são enormes. Isso certamente faz a população refletir sobre como um fenômeno como tal pode acontecer, seria somente a força da natureza ou o homem tem grande parcela de culpa?

Desde as civilizações antigas, como na Mesopotâmia por exemplo, situando-se entre os rios Tigre e Eufrates, as comunidades procuram se estabelecer e se desenvolver próximas aos cursos d`água visando maior facilidade para o uso desse bem indispensável. Porém dentre as soluções para muitos, há um problema grave, e é justamente o período de cheias dos rios.

A hidrologia estuda, dentre outros, o período de retorno, que é basicamente o intervalo entre fenômenos naturais dessa magnitude, como as chuvas intensas e as consequentes cheias, utilizando-se de dados históricos para prevenir a população.

Assim, é certo que por mais tardios que sejam, eventos como o que a cidade passa hoje, tornarão a acontecer. As áreas alagáveis fazem parte do curso da água e serão utilizadas para dar vazão à força da correnteza em períodos de alta pluviosidade, isso é indiscutível.

O problema se agrava quando há negligência por parte dos órgãos competentes em fiscalizar e realizar manutenções preventivas ou mesmo reparos nos barramentos existentes ao longo dos rios. O caso da região do sertão do Pajeú se agrava pelo rompimento de barragens existentes no município de Carnaíba aliado ao grande volume de chuvas dos últimos dias.

Continua depois da publicidade

E outras barragens, ou mesmo pontes e passagens molhadas não estarão isentas da força das águas caso o seu nível aumente.

Faz-se necessário um olhar atencioso para estruturas desse tipo, como as principais barragens e pontes das cidades próximas e também de Serra Talhada.

É necessário investir em engenharia, em projetos de infraestrutura, em execução e acompanhamento profissional de tais projetos no combate e sobretudo na prevenção de tais catástrofes antes que vidas sejam ceifadas causando danos que não se podem, de forma alguma, ser reparados.