Escola de ST se destaca no IDEB e revela segredos do sucesso

FOTOS: Farol de Notícias/Celso Garcia

Publicado às 04h27 desta sexta-feira (23)

A Escola Municipal São Pedro, localizada no bairro Nossa Senhora da Penha, em Serra Talhada, comemora a evolução do seu trabalho ao obter o maior resultado do município, média 7.0 no resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2021. O resultado do exame foi divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na sexta-feira (16). 

Nesta quinta-feira (22), o Farol de Notícias esteve na Escola São Pedro e conversou com Francisca Linda de Araujo, gestora; Maria Risonete Gomes Leal, coordenadora pedagógica; e com a professora responsável pela turma avaliada pelo IDEB de 2021, Adryana Christine Medeiros de Lima Oliveira. Elas deram detalhes de como a escola conseguiu chegar ao resultado de 7 pontos, quando a educação enfrentava os desafios do ensino remoto devido à pandemia pela Covid-19. Passaram as informações de como foi feito o trabalho, que foi fruto de muita dedicação, um compromisso de cinco anos com a turma que realizou a avaliação. 

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Francisca Linda de Araujo, com 25 anos de sala de aula,  é gestora da escola São Pedro  desde 2009. Ela contou para o Farol que quando assumiu a direção da escola, os índices não eram bons, a evasão era de 12% e a reprovação  8%. Em relação ao IDEB, 3.2 em 2005, e 3.0 em 2007. Durante a pandemia, a escola contou com o apoio dos pais, que recebiam apostilas ao nível dos alunos e tinham que devolver com 15 dias, para que os professores avaliassem o nível dos alunos e pudessem intervir; também foram realizadas visitas domiciliares, além das aulas remotas. A cada oito dias é feito um planejamento escolar, para dar o apoio necessário aos alunos, também são realizados simulados para a prova do SAEPE, que são corrigidos e entregues às famílias para acompanharem seus filhos. 

“Quando assumi a gestão, a primeira coisa que eu fiz foi chamar a equipe, e dizer que eu só assumiria a gestão se todos vestissem a camisa e suassem. A gente fez esse pacto com os professores, e do portão à cozinha.Começamos esse trabalho com projetos, com as famílias, visitando, diminuindo as faltas dos alunos. A gente começou a evoluir, a gente veio de um 3.0 para 4.2, depois para 4.5, para 5.6, para 6.3 e um 7.0. O grande desafio foi vir a pandemia e segurar, porque a gente não oscilou em nenhum momento desde 2008 até aqui. Nós só fomos crescendo. A nossa evasão hoje é 0%. A nossa reprovação é 2% . Nós temos 98% de aprovação. Isso nos fortalece muito. Somos funcionários públicos, e por sermos funcionários públicos, a gente tem que fazer a coisa bem feita”, relatou a gestora, Francisca Linda, acrescentando: 

Tudo se constrói, família e equipe da escola. Quando eu digo equipe, eu digo do portão à cozinha. Quando eu faço uma reunião, a merendeira às vezes pode dizer assim: ‘O que eu tenho a ver com isso?’. Eu digo para ela: ‘A merenda que tu faz lá, gostosa, aquela merenda bem feita, faz com que meu aluno se sinta bem. A sala limpa, organizada, faz com que meu professor tenha o prazer de entrar e o aluno também de estar. Todos somam, ninguém consegue nada sozinho”. 

Adryana Christine Medeiros de Lima Oliveira, concursada,  foi a professora da turma avaliada, com mais de 30 anos de sala de aula. Ela contou para o Farol que acompanhou a turma desde a 1ª série até o 5º ano, outros alunos, desde o pré, e disse o que fez e considera importante para que o aluno chegue aos resultados esperados: 

“Eu acho que no período de alfabetização é importante que fique um professor pelo menos até o terceiro ano. Essa turma ficou comigo durante esse período todo, durante esses cinco anos. Foi um momento de consolidação na aprendizagem. Até o terceiro ano, nós tivemos aqui na escola um trabalho intenso com esses meninos, e consolidamos a alfabetização. De repente, veio a pandemia e foi o maior alvoroço. Nós ficamos sem saber como fazer, parou tudo. Começamos a dar aula ao nosso modo, inventado, reinventado, tentando buscar todas as formas. Retornando para as aulas presenciais, procurei intensificar a questão dessa aprendizagem, para que não se perdesse o que nós vínhamos trabalhando. Os alunos que tinham o menor índice de aprendizagem vinham três dias na semana estudar no contraturno. Três dias na semana os alunos passaram  a ter aulas integrais na escola. Foi uma sugestão minha, porque eu queria o melhor para eles. Nesta turma eu tinha três alunos com deficiência”, esclareceu Adryana Christine.

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Maria Risonete Gomes Leal, 36 anos, Coordenadora Pedagógica desde 2019, destacou os desafios que a escola enfrentou:  

“Hoje a gente colhe os frutos desse esforço. Não foi fácil, porque a gente enfrentou muita coisa. Falta de recursos no início, a falta de preparação, porque a gente nunca havia enfrentado uma pandemia na vida, e de repente tivemos que começar de forma remota. A gente aceitou o desafio, demos as mãos. Era tudo muito desafiador. Eu vi a luta que os professores travavam todos os dias. Colher esse resultado hoje, a gente atribui a cada um dos funcionários, dos pais, dos alunos. Mais importante do que esse resultado, é a aprendizagem dos alunos. Quando a gente encontra um aluno que diz: ‘ Tia, eu estou nisso, eu passei nisso, eu me destaquei nessa olimpíada, eu consegui um emprego, eu passei em determinado curso’. É isso que nos motiva a buscar a diferença, não um número, mas fazer essa diferença na vida dos nossos alunos”, disse Maria Risonete.