O presidenciável Eduardo Campos (PSB) esteve em Aparecida, interior de São Paulo, participando da missa na basílica católica da cidade, neste domingo (20).
Questionado pelos jornalistas sobre o tema do aborto, após alguma relutância, respondeu que já tinha externado a sua posição em campanhas anteriores, dizendo que “como cidadão, minha posição é a posição de todos, não conheço ninguém que seja a favor do aborto”.
“A legislação já prevê os casos em que é permitido o aborto, não vejo motivos para alterar a legislação. Como cristão, como cidadão, como pai de cinco filhos, a minha vida já responde a sua pergunta”, afirmou o ex-governador de Pernambuco.
Eduardo Campos ficou constrangido em responder sobre o assunto, pois estava ao lado do cardeal dom Raymundo Damaceno, arcebispo local.
Após a missa, Campos e a família foram a casa do arcebispo, tomar um café.
O tema aborto é sempre espinhoso nas campanhas presidenciais, tendo trazido contratempos as campanhas de Dilma e José Serra, em 2010.
Atualmente, a legislação só permite o aborto em caso de estupro, má formação do feto e risco de vida para a gestante.
A escritora Clara Averbuck postou no Twitter: “Esse argumento do Eduardo Campos é ridículo demais, né?”. Já a internauta Carolina Cattani disse: “Deve morar numa bolha!”. Outro usuário do Twitter, Tércio Saccol, depois de transcrever a polêmica frase de Campos, disse: “Eu conheço e eu sou”.
Atualmente, a legislação só permite o aborto em caso de estupro, má formação do feto e risco de vida para a gestante. Eduardo Campos disse que defende a manutenção dos atuais critérios da legislação.
Pesquisa do Ibope aplicada em 2011, a pedido da organização Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), mostra que apenas 52% da população concordam que a mulher possa realizar aborto em caso de estupro. Ainda, que apenas 70% concordam com a interrupção em casos de gravidez de risco e má formação do feto. Portanto, a posição de Campos, de ser a favor dos atuais critérios da lei, não seria unanimidade na população, como o pré-candidato deu a entender em Aparecida.
Eduardo Campos cometeu uma gafe, pois, na frente do arcebispo, disse ser a favor dos critérios da atual lei. A Igreja Católica é radicalmente contrária ao aborto em caso de estupro, autorizado na lei defendida por Campos. A Igreja sempre defendeu, inclusive em documentos oficiais, que “o aborto é um pecado maior que o estupro”. Neste ponto, em caso de estupro, apenas 52% da população concordam com a posição de Eduardo e são contra o pensamento da Igreja Católica, segundo a pesquisa do Ibope de 2011.
O assunto aborto é sempre polêmico em campanhas presidenciais. Campos está, pela primeira vez, sentindo a força deste assunto. Em 2010, os coordenadores de campanha de Dilma avaliaram que a associação do PT à legalização do aborto foi decisiva para levar a disputa para o segundo turno. A atual presidente foi obrigada a assinar uma carta chamada “Mensagem da Dilma”, em que se comprometeu a não enviar ao Congresso nenhum projeto ampliando as possibilidades de interrupção da gravidez.
Eduardo Campos era governador de Pernambuco, quando o então arcebispo local, Dom José Cardoso Sobrinho, excomungou a mãe e a equipe médica por um aborto em uma menor de nove anos, vítima de estupro, em 2009. Na ocasião, a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota de repúdio ao aborto em caso de estupro e de apoio ao então arcebispo de Recife e Olinda. Dom Raymundo Damasceno, ao lado de quem Eduardo deu as declarações a favor da atual lei neste domingo (20), é o atual presidente da mesma CNBB.
( Do Blog do Jamildo )
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