Fotos: Farol de Notícias/ Max Rodrigues

Publicado às 13h20 desta sexta-feira (25)

Se os grandes empresários sofreram um abalo econômico ao ponto de empresas de grande porte não resistirem à crise e fecharem as portas, pensemos no quanto os microempreendedores foram e estão sendo afetados pelas consequências da pandemia da Covid-19. Agora pensemos em quem trabalha com refeições, não faz delivery e os insumos com custos em alta.

Esta é a situação de Arlinda Maria Gomes da Silva, 73 anos, moradora da Rua Comandante Superior. Ela é natural de Floresta, porém mudou-se para Serra Talhada aos 5 anos e, mesmo diante de todas as dificuldades, mantém seu pequeno comércio e vem alimentando as pessoas que frequentam o comércio da Capital do Xaxado há 25 anos.

Dona Arlinda migrou do segmento de confecções para o de alimentação após começar vender refeições no beco da Caixa Econômica e ver que, na época, o negócio dava mais retorno do que a venda de roupas. Diante de tal constatação, deixou a confecção e passou a se dedicar apenas ao universo dos sabores. Segundo ela, em entrevista ao Farol, no início, era ótimo, tanto em se tratando de clientela e lucros quando pelas amizades que cultivou com os parceiros de trabalho, no entanto, vive o drama das dificuldades após a queda do movimento.

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”Antes era tudo muito bom, mas hoje em dia estar muito fraco, antes já estava fraco, mas depois da pandemia ficou pior. Hoje, tudo é com muita dificuldade porque o comércio está fraco, dinheiro não existe mais, o povo ver as coisas, mas não pode comprar. Graças a Deus não teve um dia que não vendesse nada, nem que seja pouco vendo, mas as dificuldades são muitas para manter. Tive que diminuir muito as comidas porque vendemos pouco. Vendemos mais café e lanche, mas almoço é pouco porque é de R$ 10 e R$ 11 reais, é mais caro e as pessoas têm que pedir as mais baratas. Mesmo diante das dificuldades, nunca cheguei a pensar em fechar e pretendo continuar. Sinto muita falta de como era no início, dos meus amigos, Sr. Elias, que era o mais velho, e Jadinho, eles eram uns amigos bons”.

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VARIEDADES

No comércio de Dona Arlinda, ou ‘Dona Dinda’, como é mais conhecida, tem de tudo um pouco. Café, almoço, (o baião é o mais pedido) lanches, refrigerantes, sucos, cigarro, bebida etc. As refeições são oferecidas em prato feito ou marmita para levar, pois, não faz entrega, o cliente deve fazer a retirada no espaço físico. Ela acredita que, diante das dificuldades e como seu público é mais as pessoas da zona rural, fazer entrega não ajudaria muito, por isso optou por continuar oferecendo os pratos feitos e marmitas sem entrega.

Durante a entrevista, a empreendedora ainda relembrou da Festa de Setembro, uma época que além de toda animação e energia positiva que contagia toda a cidade, é um período que aquece a economia da Terra de Lampião e quem comercializa comida nas imediações vivencia uma temporada significativa de vendas, porém lamentou não poderem aproveitar em 2020 e ainda assim, diante das dificuldades, é feliz alimentando as pessoas.

”O movimento era melhor na época da Festa de Setembro, eu sempre abria durante toda a festa e as pessoas procuravam de tudo: almoço, janta, café, lanche, de tudo que botasse vendia, mas agora tudo acabou. O ano passado não abri de jeito nenhum, nem no feriado, não tinha a quem vender. Mas, me sinto muito feliz em alimentar as pessoas todos os dias, meus clientes são bons, pobres, mas tudo direito, um pessoal muito bom”, relembra.

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O dia a dia Dona Arlinda e das suas colaboradoras (uma filha e uma funcionária que trabalha com ela há 10 anos) é muito corrido. Começam a labuta às 4h da manhã e enceram às 15h. Alimentam os clientes de segunda a sexta com café, almoço e lanche e aos sábados apenas com café e lanches, visto que fecha às 11h devido à pouca movimentação no Centro da cidade já que o funcionamento do comércio é reduzido.