Em 2006 quando fui acometida de câncer pela primeira vez (já com metástase para 6 linfonodos), ganhei um livro “Sobre a morte e o morrer”, escrito pela médica Elisabeth Kubler-Ross, que tentava implantar os cuidados paliativos. Fiquei fascinada com o trabalho extraordinária de Elisabeth. Fiz o download de todos os seus livros disposto na rede e li.

Cuidados paliativos é o cuidado que se deve ter para com a pessoa que não tem mais chances de cura, para quem está num estágio terminal. Quem primeiro falou em cuidados paliativos foi ela, foi ridicularizada pela comunidade médica e quase teve o seu diploma cassado por ter empenhado uma luta a favor de um tratamento profundamente humano, um tratamento que reconhecesse a dignidade da pessoa no âmbito do grave sofrimento físico e psíquico que é a despedida do corpo. 

Para ela um paciente sem chances de cura, sempre haverá um cuidado a ser oferecido, algo a ser feito, desde que se foque no que é realmente importante /necessário ao paciente, dando-lhe sempre a autonomia de decisão. Na época o paciente em estágio terminal era mandado pra casa pra morrer, e dispensados os cuidados para uma morte sem dor, sem traumas.

Graças a essa mulher os Cuidados Paliativos foi implantado nos hospitais na Inglaterra e Estados Unidos a partir do final da década de 1960. Atualmente os cuidados paliativos se constituem uma especialidade médica em 17 países. Recentemente esses cuidados começaram a se desenvolver e ganhar corporeidade aqui no Brasil e foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. 

Recentemente estive no Imip (Recife) para a inauguração da Casa dos Cuidados Paliativos Professor Saulo Suassuna. Com capacidade para 08 leitos. O espaço é destinado para pacientes adultos com câncer em estágio terminal, fora de qualquer possibilidade de tratamento terapêutico de cura. Graças a luta de Elizabeth.

*Helena Conserva é escritora e jornalista. Tem formação em Letras (UEFS) e pós-graduação em Línguas e Literatura.