Foto: Arquivo de pesquisas do Professor Paulo César Gomes

Por Paulo César Gomes, Professor, historiador e colunista do Farol

A “Coluna Viagem ao Passado” destaca hoje uma imagem que diz muito sobre um período descrito por Chico Buarque como uma “página infeliz da nossa história.” (Vai Passar), a famigerada Ditadura Militar, que também colocou, literalmente, suas garrinhas de fora em Serra Talhada.

A fotografia é do ano de 1970, tendo da direita para a esquerda, o vice-prefeito Tião Oliveira e o prefeito Nildo Pereira, ambos da ARENA, e representantes da Policia Militar, em frente ao então Batalhão de Polícia, na Rua Cornélio Soares.

O evento fazia alusão aos seis anos do golpe militar de 31 de março de 1964.

Além desse registro, outros até então desconhecidos, colocam outro olhar sobre ação dos militares que impôs a censura, a perseguição e o assassinato de centenas de brasileiros e brasileiras.

A escalada autoritária deixou suas marcas em Serra Talhada expostas em documentos secretos que fazem parte do acervo do Ministério da Justiça.

Logo após o golpe, foi criada uma comissão de inquérito para inicialmente averiguar que seriam os funcionários públicos que estariam praticando acúmulo de função.

No entanto, essa investigação era um disfarce para identificar e perseguir supostos “subversivos” que estariam atentando contra a “ordem pública” e o “regime democrático”.

Todos os responsáveis por órgãos públicos tiveram que assinar uma declaração data do dia 23 de maio, que entre outras coisas citavam “O Ato Institucional Número Um (AI-1) foi assinado em 9 de abril de 1964 pela junta militar, autodenominada Comando Supremo da Revolução”, destacando os artigo 7º – Ficam suspensas, por seis (6) meses, as garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade e estabilidade, e os § 1º e § 2º.

Receba as manchetes do Farol em primeira mão pelo WhatsApp (clique aqui)

Entre os documentos foi possível encontrar a declaração assinada pelo então prefeito Luiz Lorena, que afirmou que não existia “subversivos” na prefeitura municipal e no Colégio Municipal Cônego Torres.

O Juiz de Direito, Geraldo de Souza Valença; o Professor Laércio Pulça, então diretor da Escola Cornélio Soares, também negaram que entre funcionários e alunos alguém tenha “participado de movimento subversivo”.

Além dos citados, os responsáveis pelo Hospam, pela agência dos Correios, do Banco do Brasil, da Estação Ferroviária, da Câmara de Vereadores, da Fundação Serviço Especial de Saúde Pública, do IBGE, da CAGEPE.

Até o funcionário do DNOCS, que estava a frente das obras de construção do açude da Cachoeira, teve que assinar o documento isentado todos os trezentos e vinte e três trabalhadores.

Após a devassa, o Dr. Wilson Campos de Almeida, presidente da Comissão, concluiu que naquele momento não existia entre os funcionários públicos das três esferas da gestão pública: federal, estadual e municipal.

 

Bem como, nas três estruturas do poder: executivo, legislativos e judiciários, serra-talhadenses contrários a Ditadura. Porém, essa não foi a única ação intimidatória posta em prática pelos golpistas.

Outros documentos, tidos como CONFIDÊNCIAL colocam Serra Talhada como uma das cidades observadas com bastante atenção pelos Militares.

Ao longo dos próximos meses o leitor irá conhecer alguns desses documentos aqui no Farol de Notícias.

Os principais fatos de Serra Talhada e região no Farol pelo Instagram (clique aqui)