Publicado às 05h32 deste sábado (13)

Na semana da mulher o Farol foi em busca de personalidades fortes e com histórias de vida inspiradoras. Hoje vamos conhecer Ivanilde Rodrigues da Silva, 69 anos, professora aposentada e apaixonada pelo artesanato. Desde muito nova aprendeu a costurar, sempre com muito jeito para as artes manuais levou o hobby como terapia. Com deficiência na coluna e dificuldade de locomoção, ela não para um minuto e se sente realizada em produzir.

Ivanilde perdeu a mãe quando ainda era uma criança, foi criada por duas tias cegas, tias estas que ela tem muito orgulho, pois tudo que ela sabe na arte da costura e crochê aprendeu com elas. Não foi uma infância fácil, mas foi sem dúvida cheia de aprendizado.

“Minha infância foi um pouco difícil, com 11 anos eu perdi minha mãe fui criada por duas tias cegas e minha vó já de idade, mas graças a Deus eles me deram um suporte que eu cheguei a estudar, terminei o magistério, lecionei por um bom tempo lá na fazenda Cipós, foi quando eu fiquei doente e fui fazer meu tratamento no Rio de Janeiro, lá onde eu tive duas grandes cirurgias, retornei mas fiquei sempre nos trabalhos domésticos e com minhas tias cegas que ensinaram a costurar”, ressaltou Ivanilde acrescentando:

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“Eu queria fazer uma roupa e o pano não dava, aí minha tia cega disse ‘se eu pegar dá’, eu dei o pano a ela, ela dobrou, mandou eu cortar, disse onde costurava, eu sei que eu fiz o vestido pela primeira vez e tudo com o ensino delas, sempre me ensinaram os trabalhos domésticos, ensinaram boas maneiras, graças a Deus eu fui criada por cegos que me deram estudo, me deram uma vida melhor”.

CASAMENTO

Em 1975, Francisco, seu atual marido, a pediu em casamento mais seu pai deixou claro que ou ela se formava ou casava, então ela teve pulso firme e escolheu o magistério, se formou. Francisco casou com outra mulher e Ivanilde foi assistir ao casamento na primeira fileira, com raiva, porém com pulso firme. Depois de 8 anos, ‘Chico Papai Noel’, como é mais conhecido, a procurou e fez a proposta novamente e ela não aceitou, disse que não ia acabar com o casamento de ninguém. Mais 8 anos se passaram e o amado não desistiu, foi atrás dela e dessa vez ela aceitou, já são 26 anos de casamento.

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“Há 26 eu encontrei o ‘Papai Noel’ querendo casar de todo jeito, casamos e graças a Deus vivemos uma vida de paz e tranquilidade e hoje eu sou a ‘Mamãe Noel com muito orgulho, porque ele faz um trabalho muito bonito com as crianças, é muito gratificante e deixa a gente todo final de ano muito feliz”, explicou Ivanilde.

ARTE COMO TERAPIA

Como aprendeu muitas artes com suas tias e não teve mais como lecionar por conta da sua deficiência na coluna, ela viu no artesanato a fuga para  não entrar em uma depressão.

“Eu continuei costurando, faço ainda hoje crochê, pinto, faço a agenda do Papai Noel, faço minhas bonecas, já confeitei muito bolo para casamento e aniversário, e tudo aprendi através das minhas tias cegas. Sinto muita saudades delas, porque elas foram minhas mães, me deram de tudo, todo o saber que tenho hoje, tudo que eu tenho eu agradeço muito a elas”, destacou com olhos cheios de lágrimas Ivanilde.

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Durante a entrevista, Ivanilde deixou um recado para todas as mulheres: “A vida é bela e a gente tem que lutar por nossa sobrevivência e vamos deixar de lados os problemas, vamos ser mulher do lar, vamos trabalhar e fazer tudo que seja necessário”.