CRÔNICA DO SÁBADO DE ALELUIA!

A malhação de Judas se perdeu no tempo, mas tenho boas recordações

Marcos Silva Publicado em 20/04/2025 04:30:52 Atualizado em 20/04/2025 05:30:07 6 comentários

Por Ananias Solon, Zootecnista, historiador e escritor serra-talhadense

Lembro-me com saudades dos tempos de garoto na Fazenda Icós-Serra Talhada-PE. Na Semana Santa (Quaresma) o povo da ribeira, se reunia no Sábado de Aleluia para fazer o ‘massacre a Judas’.

Essa festa é tradicional nos rincões dos sertões, tem suas origens na Europa, foi trazida para o Brasil pelos Portugueses na época da colonização, ficando assim uma festa popular cultural em nosso calendário em todas regiões, principalmente no Nordeste.

É uma festa tipicamente ‘Profana, de cunho religioso; tem um ritual que consiste numa confecção de um ‘boneco de pano’, recheado de folhas, papel, etc. A cabeça geralmente é confeccionada com uma cabaça de forma que fica um boneco transvestido de gente, representando Judas Iscariotes, o apóstolo que traiu Jesus Cristo.

Coloca-se o suposto Judas amarrado numa árvore e já a noitinha, o povo da comunidade, juntos em um gesto de represália em forma de escárnio a Judas pela traição a Cristo; Ele é apedrejado, malhado, xingado e até queimado, com sentimentos de justiça àquele que veio ao mundo para nos salvar.

E a festa seguia em rítmo de alegria, seriedade e divertimentos. Todos participando; meninos, homens mulheres; ficou gravado na memória essa tremenda celebração, que normalmente nesse período o Rio Pajeú com suas enchentes; muita fartura de legumes, milho verde, feijão etc.

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Eu acompanhava curiosamente, desde da confecção do maldito Judas, até a consumação do episódio, com o Judas sendo surrado e destruído jogado nas correntezas das águas do Pajeú.

Mas vejo hoje uma nova geração (nutella) que abrange uma faixa etária dos 35 anos, que acho na maioria não sabem o que é a Malhação de Judas no Sábado de Aleluia, e nem nunca ouviu falar nessa tradição.

Imagem de Capa: (Foto: Portal Infonet)

6 comentários em A malhação de Judas se perdeu no tempo, mas tenho boas recordações

José Diego — 19 de abril de 2025

Antes de criticar uma geração, entenda de onde ela veio.A culpa não é da juventude de hoje. A raiz está em quem veio antes — numa geração que, muitas vezes, falhou em transmitir valores, tradições e exemplos consistentes. Se hoje os jovens parecem perdidos, é porque muitos caminhos foram deixados sem direção.Uma geração não nasce do nada. Ela é continuidade. Fruto do que foi feito — ou deixado de fazer — antes. O problema é mais profundo. O buraco é mais embaixo.Criticar sem compreender é um erro comum… e perigoso. Porque quando você generaliza e desqualifica negativamente um grupo, sua postura se aproxima da intolerância — e isso, sim, é um problema grave.Judas não traiu Jesus por falta de amor. Traiu por falta de entendimento. Ele acreditava que a salvação viria pela força, por guerra. Jesus mostrou que o verdadeiro templo não está fora, mas dentro de cada um de nós.Você pode estar criticando uma geração da mesma forma que Judas tentou empurrar Jesus por um caminho que não era o dele: sem compreensão, sem escuta, sem amor.Então antes de julgar, pergunte-se: você está mais para Jesus ou para Judas?

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Jesus era amor.— 19 de abril de 2025

Já ouvi falar, mas nunca participei. Jesus era amor, ele sabia o que ia acontecer, e sabia que seu sangue iria lavar nossos pecados. Judas entregou sua alma ao diabo, e em ato de desespero por ter entregado o filho de Deus, chegou ao ponto de acabar ele mesmo com sua vida.Na Bíblia, já no novo testamento, quando há a chegada de Cristo, diferente do antigo testamento, já se fala, sobre amor e perdão, nos ensina respeito e a não violência, nos ensina que quem julga é ele, Deus. Por mais que seja a simbologia através de um boneco, o que estamos ensinando aos nossos filhos, é ruim, estamos ensinando a fazer justiça com às próprias mãos, a violência de acabar com alguém simbolizado em um boneco, e estamos eliminado aquilo que mais foi pregado por Jesus, que foi o amor e o perdão. Só quem pode julgar é Deus, só quem pode punir é Deus.

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Djailson Oliveira (Djinha)— 19 de abril de 2025

A geração de hoje não vai ter História pra lembrar. Djailson Oliveira (Djinha) direto da fazenda saco da roça.

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José Diego — 19 de abril de 2025

A chamada Geração Z, ou "geração Nutella", como alguns insistem em rotular, é, na verdade, uma folha em branco — composta por pessoas com boa vontade para ouvir e, acima de tudo, questionar. Muitas vezes, parecem acreditar que somos surdos. Mas, afinal, de que adianta escutar palavras bonitas quando o único argumento oferecido é que a velhice, por si só, é sinônimo de autoridade?O tempo em que o ditado "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" fazia algum sentido talvez tenha ficado lá atrás, nos tempos de Renato e seus Blue Caps. Hoje, esse tipo de discurso perdeu a validade.Vivemos numa era marcada pela intolerância e pela polarização. Nossa pátria encontra-se dividida: de um lado, uma esquerda que prega discursos revolucionários enquanto ostenta iPhones e férias na França; de outro, uma direita que se especializou na propagação de fake news e na desinformação.Nesse cenário caótico, a Geração Z tem um papel crucial: interpretar com racionalidade essa realidade confusa, buscar o equilíbrio, promover a paz e construir um caminho novo. Cabe a ela transformar experiência em sabedoria e repassá-la com verdade à próxima geração.E, por tudo isso, às vezes o melhor remédio é simplesmente se fazer de surdo, mudo e cego.

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Ananias Solon — 19 de abril de 2025

Bom dia José Diego, te esclareço que não fiz críticas, e sim um lamento não generalizado, da historia em termo de cultura.

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Gláucia Nunes — 26 de abril de 2025

Bem interessante essa abordagem sobre a festa,profana de cunho religioso.A Malhação do Judas,ressalva os belos tempos,vividos tradicionalmente nos rincões sertanejos,oportunizando conhecimentos as novas gerações. Parabéns Ananias!!!

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