eugenioPor Eugênio Marinho, empresário de Serra Talhada

As pessoas que compõem, o estado e a sociedade civil, nos vários países do mundo, se relacionam diariamente de diversas formas e da prevalência dos comportamentos que têm nestes relacionamentos geram a realidade do país que integram.

O comportamento humano, em relação as motivações que as pessoas têm para tomarem as suas atitudes em relação aos mais diversos temas,
pode a grosso modo ser agrupado em quatro grandes categorias: reativo; dependente; independente e interdependente.

No reativo, o mais primitivo dos comportamentos relacionais, o que prevalece atualmente entre a sociedade e o estado brasileiro, a atitude das pessoas só se manifesta após a ocorrência de um fato que a justifique, jamais é proativa.

Este comportamento é observado no estado que aparece para condenar o rompimento de uma barragem, cuja licença e fiscalização periódica é atributo seu. E também está presente no responsável pela construção e uso da barragem que não tem uma atitude proativa quanto ao zelo da construção e da manutenção da mesma.

No dependente, como próprio nome já sugere, as pessoas tomam suas atitudes não motivadas pela sua consciência, mas pela imposição de uma motivação externa.

Este comportamento foi observado no processo de civilização de muitas sociedades mundo a fora, nelas o Estado impõe aos seus cidadãos critérios técnicos para formação de seus próprios quadros, um sistema de ouvidoria para apurar desvios de conduta de todos e punições exemplares para todos os membros da sociedade que praticarem estes desvios. Foi assim que os países civilizados chegaram ao topo do ranking do IDH.

No independente, a atitude já é consciente e preventiva, ou seja, as pessoas buscam evitar a ocorrência do fato que gera o comportamento reativo.

Este comportamento pode ser observado na indignação das sociedades civilizadas diante dos desvios de conduta de qualquer figura pública dela, pois a memória dos tempos em que viviam socialmente desorganizados é mantida pela celebração dos acontecimentos que impuseram as duras reformas necessárias e pelo costume do desfrute da excelente qualidade de vida que dispõem.

No interdependente, o mais civilizado dos comportamentos relacionais, aquele que prevalece em sociedades mais civilizadas que a nossa, as pessoas além de tomarem suas atitudes pela própria consciência atingida em relação ao tema em observação, buscam fazer com que outras pessoas também ajam assim.

Este comportamento pode ser observado nas pesquisas recentes que medem o grau de confiança existente entre os cidadãos de um mesma sociedade em vários países do mundo, nelas observou-se que nas sociedades civilizadas este grau de confiança chega a 80%, enquanto em sociedades como a nossa chegam a apenas 10%.

Acredito que a discussão operacional da gestão dos recursos públicos e outras discussões sejam importantes, mas as mudanças que desejamos vê em toda nossa sociedade requerem uma ação muito mais profunda, requerem uma ação que faça com que entre estes quatro comportamentos presentes no dia a dia da relação entre o estado e a sociedade civil brasileira, prevaleça pelo menos um comportamento dependente.

Se o estado e a sociedade civil brasileira ainda não têm maturidade para serem parceiras, interdependentes, pelo menos que se respeitem, mesmo que seja através de leis e punições mais eficientes e justas.