Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 04h46 desta quinta-feira (30)

Por Clayson Cabral, especial para o Farol

A serra-talhadense Edite Vitório de Souza, 60 anos, talvez seja uma das poucas pessoas que se mantém alheia aos chamados avanços do mundo moderno. Nada de Instagram, Facebook, ou coisa parecida. Vivendo nos fundos do que foi um comércio próspero nas décadas de 1970 e 1980, no Centro de Serra Talhada, ela montou um grande baú onde o passado é muito mais presente do que as tecnologias.

Após perder um irmão vítima da violência destes tempos, a aposentada preferiu focar um outro olhar para o mundo. Hoje ela recorda de uma época boa de união familiar, com os quadros dos seus pais, edições do jornal Diário de Pernambuco dos anos 1970, um elegante Rádio ABC A Voz de Ouro, e mostrador de vidro das antigas estações da marca Sonorous datado de 1960 que ela preserva com muito carinho e zelo.

“Esse rádio era de papai, ele passou para mim  dizia: ‘minha filha, tudo que é meu é seu, então eu vou passar logo o rádio’. Meus outros irmãos ficaram com inveja, mas quando o rádio parou de funcionar eu preferi guardar, porque acho  muito bonito. Na vida, a gente sabe onde está, mas não sabe para onde vai. Muito difícil de viver hoje em dia”, lamenta.

A dona Edite passa o tempo mais em sua casa assistindo a novelas, lendo e revendo fotografias. Convalescente de uma Chikungunya adquirida há 5 anos, ela continua em tratamento. Devido a doença, ela passa a maior parte do tempo deitada se recuperando das dores que parecem não ter fim.

Dona Edite ainda sonha em voltar a trabalhar. Conta que encerrou as atividades no mercadinho que é hoje a sua casa após o mosquito lhe atacar. “Assim que eu melhorar, se Deus permitir eu volto com meu comércio”, afirmou.