Publicado às 05h34 deste domingo (16)

Por João Luckwu, poeta e escritor serra-talhadense

A coluna “Momento Poético” desta semana traz a simplicidade do poeta José Ferreira Júnior, 58 anos, teólogo e historiador de formação, especialista e mestre em Ensino de História, doutor e mestre em Ciências Sociais, pós-doutorando em Ciências Sociais, pesquisador no campo da cultura: memória, identidade, gênero, sexualidade, religião dentre outros.

Professor da rede estadual de Pernambuco e da Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada, membro da Academia Serra-talhadense de Letras, escritor e cordelista.

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“Digo sempre que as letras me são caras. Isto em todos os desdobramentos delas provenientes: conto, crônica, prosa e versos. Com estes, já faz um bom tempo venho mantendo uma relação de proximidade e, porque não dizer, intimidade. Porém, ao ser chamado poeta, retruco. Digo-me ‘arremedo de poeta’, porque o vocativo deve ser, assim eu penso, direcionado àquele ou àquela que, de fato, a ele faz jus. Esse meu pensar digo-o no poema Pescador de Palavras… Escrito há quase dezessete anos”, reflete o autor de hoje.

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Em suas palavras, Ferreira Júnior autodenomina-se “Arremedo de Poeta”. Entretanto, faz uso delas com admirável encanto e magia.

PESCADOR DE PALAVRAS

Não me chame de poeta

Não o sou, tenha certeza

O fazer a rima presa

Não me é posse perpétua

Com ela, às vezes, há trégua

E ajo, então, com destreza

Porém, nem sempre há leveza

Rimar me custa pensar

Escrever, ler, apagar

É rio na correnteza

*

Poeta eu não sou

Nunca me atrevi a tanto

Das palavras, no entanto

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Eu me faço pescador

Do fruto do meu labor

Jogo fora certo tanto

Por vezes, causa-me espanto

Tantos papéis amassados

Outros tantos rascunhados

E nenhum poema pronto!

*

Sou, por vezes, pensador

Que no transcorrer das horas

Das palavras, faz gaiolas

Onde prende o que pensou.

*

Ferreira Júnior “Arremedo de Poeta”

19 – 03 – 2005