Fotos: Farol de Notícias / Celso Garcia / Arquivo Pessoal

Publicado às 21h desta sexta-feira (13)

Desde os 12 anos que o gingado do berimbau embala as brincadeiras do menino nas ruas históricas da capital bahiana. Capoeirista desde muito cedo, leva na mala disciplina e a dedicação em tudo. Regisley Lima de Jesus, de 27 anos, vindo de Salvador para Serra Talhada na primeira viagem para trabalhar com o pai nas construções da cidade e por travessura do destino se apaixonar por uma serra-talhadense, Aline dos Santos, que hoje é a mãe de seus filhos de 6 anos e de 7 meses.

Na arte da Capoeira foi batizado como Suco pelo saudoso Mestre Nego da Capoeira.Tornou-se seu maior discípulo e sucessor quando Nego nos deixou. De aluno a professor, com 15 anos de experiência, Mestre Suco hoje é monitor da capoeira, mas visto como mestre pelo respeito que conquistou de seus alunos no Grupo Muzenza e na representação cultural e esportiva na região.

“O nome veio a partir de Nego da Capoeira, ele me batizou na capoeira e como eu sou discípulo… quando eu era jovem gostava muito de competições dentro fora da capoeira, MMA, Kickboxing e capoeira, que eu tinha que ter aquele corpo adequado. Então, eu treinava bastante, fazia dieta, e onde eu chegava a galera pedia cerveja, refrigerante e eu pedia suco. E um dia Nego da Capoeira chegou para mim e falou: Rapaz, você gosta muito de suco, né? Vou te batizar de Suco e pegou”, relembrou com carinho.

CAPOEIRA É RESISTÊNCIA NEGRA

Neste 13 de maio, Suco visitou a redação do Farol de Notícias e conversamos sobre a data tão significativa para a reflexão das causas negras no Brasil. Segundo ele, a capoeira tem a magia de encantar a todos com a mistura de dança e luta. Fez parte de todo o processo de luta e libertação do povo preto no Brasil e é um instrumento de manutenção da cultura negra.

“Antes de vir para cá já fazia 4 anos que estava na capoeira, conheci Nego da Capoeira e entrei no Grupo Muzenza. Com a morte dele foi um baque imenso para a gente, ele inspirava muita gente nessa área, ensinava muita gente nos projetos sociais e depois da morte dele foi uma surpresa, porque o pessoal me indicava para continuar com o trabalho social dele, até que o presidente do Grupo Muzenza Nacional me procurou. Deixei de ser aluno para dar aula e temos um trabalho maravilhoso seguindo os passos de Nego da Capoeira”, afirmou o jovem mestre, completando:

“Meus alunos das antigas são 12, mas passa de 30 alunos nos projetos. Eu costumo dizer que a capoeira é mágica, ela quem abriu a porta para os negros. No 13 de maio alguns comemoram a Lei Áurea e muitos não, porque logo após a libertação dos escravos ficaram jogados, sem apoio de nada, conseguindo a liberdade com sangue e suor, e muita dor. A capoeira foi uma luta criada para se defender, foi proibida por bastante tempo e depois os negros disfarçaram a capoeira com a dança e ao mesmo tempo se tornou um dos símbolos brasileiros, da população negra”, ratificou.