A vendedora de ST que venceu o câncer e redescobriu a beleza

Fotos: Farol de Notícias / Celso Garcia

Publicado às 05h deste domingo (30)

Os olhos brilhavam quando chegamos na loja para fazer a entrevista. O sorriso no rosto para nos receber denotou a felicidade de contar a história de superação e de vida que Edna Sipriano carrega consigo. A jovem mãe de duas filhas, de 17 e de 13 anos, aos 37 anos e prestes a ser avó, se orgulha de estar na reta final de cinco anos de luta contra o câncer. Como ela mesma diz, ficaram algumas marcas, algumas mudanças foram drásticas, mas dizem respeito a mulher que ela hoje é.

Nascida na zona rural da cidade, filha de agricultores que tiram da terra do Sítio Podrinhos o sustento e a saúde que ostenta na família. Edna contou que ter uma vida saudável, de exercícios físicos regulares, sem vícios e sem histórico familiar de boa saúde não a livrou do câncer de mama. Um diagnóstico que veio aos 31 anos e mudou sua rotina completamente. Entre uma venda e outra, ela recebeu a equipe do Farol de Notícias na loja Corpo em Forma para compartilhar sua história com o carinho de quem recebe uma amiga.

“Eu sempre fui muito tranquila, fui criada no sítio, depois no bairro Bom Jesus. Nunca teve casos na minha família, pessoal muito saudável. Um belo dia eu tinha acabado de fazer 31 anos e toquei na mama e senti um caroço. A princípio a gente imagina que não é nada, pesquisando eu vi que não me encaixava em nenhuma das estatísticas. Deixei passar, depois de três meses comecei a notar uma diferença e exame atrás do outro veio a confirmação de um carcinoma. Fora dos padrões para a minha idade, eu era saudável, trabalhava em uma academia, tinha rotina saudável e nunca tive vícios, fui pega de surpresa. E aí comecei a minha luta contra o câncer de mama, com 12 dias em Recife tive que fazer uma mastectomia radical”, comentou Edna, continuando:

A vendedora de ST que venceu o câncer e redescobriu a beleza

“Tive que tirar a mama direita por completo e fiz também esvaziamento axilar, comecei os processos de químio, quatro sessões de quimioterapia vermelha. Na primeira sessão eu perdi totalmente o meu cabelo, fiquei careca e vieram todas as complicações que os pacientes de quimioterapia sabem o quanto é doloroso. Mas sempre tentei manter a positividade, sempre com o apoio da família, dos amigos e da equipe médica. Para apagar essa cicatriz e amenizar esse momento doloroso, eu corri atrás das minhas reconstruções e ao longo de 1 ano e seis corri atrás das minhas reconstruções, foram seis cirurgias e hoje eu tenho minha mama. Continuei em tratamento e nesses cinco anos eu não tive mais nenhum sintoma ou risco, agora em janeiro, se Deus quiser a gente encerra esse tratamento e eu posso me considerar 100% curada”.

“EU NÃO CONHECIA MEU CABELO…”

A perca do cabelo diante do tratamento do câncer é uma das situações que mais mexe com a auto estima das pacientes oncológicas. Toda mulher tem um apego emocional e psicológico com seu cabelo, e para as mulheres negras há um significado ainda maior com relações culturais e históricas. Edna relatou que sempre usou química, alisamentos que mudaram o aspecto natural de seus cachos desde os 12 anos de idade. Após a quimioterapia decidiu nunca mais alisar, e hoje até mesmo o corte não é bem vindo, exceto para aparar as pontas. Permitiu que a cabeleira renascesse livre e solta.

A vendedora de ST que venceu o câncer e redescobriu a beleza

“Ficam sequelas, a perda do cabelo foi uma coisa que me afetou bastante. É uma coisa que me preocupa bastante porque fica esse fantasma pairando no ar, na minha cabeça e fica o medo desse possível retorno. Eu fazia processos químicos no meu cabelo desde os 12 anos de idade, tanto que antes eu brincava que eu não me conhecia, não tinha identidade. Não sabia nem a cor do meu cabelo como era de tanto processo químico. E quando veio o baque de perder o cabelo, aquilo me deu um estalo. Rapaz, já que eu vou ter a oportunidade de meu cabelo voltar ao natural, eu vou conhecer ele. Eu vou dar a oportunidade do meu cabelo ressurgir e prometi a mim mesma que nunca mais faria processos químicos nele e está desde então, há cinco anos. Eu fiquei com trauma, nunca mais cortei ele, só tiro as pontinhas mesmo. Tesoura de jeito nenhum”.

A vendedora de ST que venceu o câncer e redescobriu a beleza