Fotos: Farol de Notícias / Manu Silva

Nessa quarta-feira (5) o FAROL conversou com o advogado Jânio Carvalho, que tem como cliente o serra-talhadense Pedro Marcolino da Silva Neto. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato de Márcia Lindberg da Silva, 28 anos, que foi morta com requintes de crueldade no município de Ibirajuba, no Agreste (Leia aqui). Na entrevista, Jânio garante que Marcolino é inocente. Confira.

FAROL: Dr. Jânio o senhor esta defendendo um serra-talhadense que está sendo acusado de homicídio no município de Ibirajuba no Agreste. É um caso que gerou repercussão no estado e nós queremos ouvir o outro lado. O seu cliente é inocente?

JÂNIO CARVALHO: Giovanni, até que me provem o contrário e as provas que estão sendo carreadas ao inquérito, não tem nenhuma acusação contra ele, que ele tenha feito qualquer coisa. Para você ver, ele está aqui em Serra Talhada e estava trabalhando no Anel Viário de Sertânia, que ele é operador de máquinas. Ele foi pego de surpresa com essa acusação. Na mesma hora me procurou, eu lhe apresentei na delegacia e na mesma hora no outro dia a delegada conseguiu um mandado de prisão contra ele.

Sem provas nenhuma dentro do inquérito, porque há seis meses que ele estava separado da ex-mulher dele, ele não era nem casado no papel. Viviam de fato há quase oito anos, dessa relação geraram dois filhos, um de 7 anos que está com ele e a filha de 1 ano e meio que morava com a ex-companheira dele. Inclusive, Márcia esteve aqui em Serra Talhada no mês de janeiro e ficou hospedada na casa do ex-companheiro. Passou três dias aqui, porque estava com uns problemas lá e veio passar uns dias e evitar esses problemas.

Então, eu digo a você, o meu cliente não tem a menor culpabilidade nesse homicídio. Que infelizmente é um homicídio trágico, tirar a vida de uma pessoa nova que estava lutando, é uma mãe de família. Mas não tem relação nenhuma com ele. A última vez que ele esteve nessa cidade foi há dois anos, quando ele foi receber o filho dele, que a própria mãe entregou no mês de dezembro e ele vive com esse menino na cidade Belo Jardim. Ele nem foi lá em Ibirajuba, não tem problema nenhum com ela.

FAROL- O casal vivia de brigas quando estavam juntos?

JÂNIO CARVALHO- Eles tiveram algumas discussões quando eram casados, coisa normal de marido e mulher. Qual o motivo que ele tinha para matar? Ele já tinha uma nova namorada, não sei se a vítima já tinha outro relacionamento. Porque ela mora, daqui de Serra Talhada é 330 Km, e estive lá sexta-feira. Fui ao Fórum, a cidade está tranquila e sem falar que foi ele o mandante. O próprio acusado de ter cometido o crime, em nenhum momento citou o nome dele, não conhece ele.

Inclusive o nosso cliente pediu a delegada que podia quebrar o sigilo telefônico dele para provar que ele nunca teve relacionamento com esse homem, nem por ligação de qualquer telefone. Pois Giovanni, a gente pede a Justiça que caso queira quebre o sigilo telefônico e veja se tem alguma ligação entre eles. Não tiveram nenhuma ligação, não se conhecem. Então, a delegada tem que no futuro procurar realmente quem cometeu esse bárbaro homicídio.

FAROL: A gente tem informações que a própria mãe da vítima, e o senhor comentou anteriormente, que ela estaria fazendo a defesa do seu cliente. Procede?

JÂNIO CARVALHO: A mãe da vítima esteve na delegacia e disse: ‘Doutora, eu não acredito que ele mandou matar minha filha, porque ele é um pai bom. Foi um bom companheiro para a minha filha, eles tiveram suas discussões, acabou o casamento e há seis meses que estão separados’. Inclusive, eles fizeram um acordo aqui na Defensoria Pública por pensão, porque vieram falar aqui que podia ter sido por pensão. Mas cada um ficou com um filho e cada um ficou sustentando, ele estava dando atenção, a pensão normal para a sua ex-companheira.

FAROL: Daqui para frente, quais são os trâmites legais? Qual o desfecho que o senhor espera para esse caso?

JÂNIO CARVALHO: Giovanni, foi decretada a prisão provisória, que é quando um delegado pede que a pessoa fique detida para não atrapalhar a ouvida das testemunhas, não causar obstrução e não ameaçar as testemunhas. No caso, ele não ameaçou as testemunhas, não mora na comarca onde aconteceu o homicídio, mora a 330 Km de distância e vive aqui. Não tem motivo nenhum para ele estar preso. É tanto que a delegada não tem certeza da participação dele que pediu uma provisória, que pode ser relaxada a qualquer momento.

Inclusive, por decisão da própria delegada, por decisão da juíza ou pelo Ministério Público. Estamos aguardando e ontem eu entrei com o pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Caruaru, porque para o interior o Tribunal funciona lá. E estamos aguardando uma decisão do Tribunal de Justiça para ele voltar a trabalhar, porque ele tem residência fixa, não tem antecedentes criminais, não tem nenhuma entrada de Maria da Penha contra a ex-companheira. Então, a gente não vê motivo, porque no Brasil, infelizmente hoje, as coisas estão mudando.

A prisão é uma exceção, só se prende quando se tem muitas provas. Mas hoje está sendo o contrário, estão prendendo por tudo, antes da pessoa provar que é inocente. Quem tem que provar é quem acusa que a pessoa tem culpa, ele não tem culpa e disso eu tenho certeza. Sou formado há 29 anos, vivo trabalhando no direito criminal e eu tenho certeza que nós iremos provar a inocência total de Pedro Marcolino.