Do Diario de Pernambuco 
Os advogados de Donald Trump apresentam nesta sexta-feira (12) no Senado os argumentos de defesa no julgamento político do ex-presidente dos Estados Unidos por “incitação à insurreição”, e se espera que os republicanos votem majoritariamente pela absolvição.
Os democratas que atuam como procuradores encerraram na quinta-feira a apresentação das acusações após dois dias, com alguns momentos carregados de emoção. Agora os advogados do empresário republicano terão a oportunidade de responder.
Eles devem ser breves. “Não há razão para ficarmos aqui por muito tempo. Como disse desde o início, este julgamento nunca deveria ter acontecido”, afirmou um dos advogados, David Schoen, ao canal Fox News.
Trump é objeto de um julgamento político, acusado de “incitação à insurreição” após sua derrota para Joe Biden nas eleições de 3 de novembro.
A acusação afirma que o ex-presidente começou a gerar o terreno fértil para o ataque contra o Capitólio em 6 de janeiro, com denúncias sem provas de fraude eleitoral em massa contra ele.
No dia 6 de janeiro, Trump discursou perto da Casa Branca e pediu a seus simpatizantes que seguissem até o Congresso, que certificaria a vitória de Biden no mesmo dia.
Uma turba invadiu o edifício do Congresso, em um ataque que terminou com cinco mortos, incluindo um policial.
Os acusadores insistem que Trump é “perigoso” e deveria ser impedido de voltar a concorrer à presidência.
Mas os advogados do ex-presidente estão dispostos a argumentar que seu discurso foi retórico e ele não pode ser responsabilizado pelas ações da multidão.
Também alegam que o julgamento político é inconstitucional porque Trump não está mais na presidência, embora o Senado tenha rejeitado este argumento na terça-feira.
O presidente Biden disse na quinta-feira que “alguns (congressistas) podem ter mudado de opinião” após as provas apresentadas contra Trump, incluindo imagens do ataque que não haviam sido divulgadas antes, em uma sugestão de que os senadores republicanos poderiam decidir condenar o ex-presidente.
Alguns republicanos admitiram que as acusações eram fortes, mas Trump conserva muito poder no Partido Republicano, o que dificulta uma condenação.
São necessários dois terços do Senado para obter a condenação, o que significa que os democratas, que têm 50 das 100 cadeiras, precisam do apoio de 17 republicanos.
“Pacote de entretenimento”
As imagens apresentadas pelos procuradores democratas mostraram uma multidão perseguindo oponentes de Trump, enquanto figuras importantes, incluindo o então vice-presidente Mike Pence, fugiam para um local seguro.
A defesa afirmará que o ex-presidente não afirmou de forma expressa para que os seguidores cometessem atos de violência.
Schoen criticou as imagens apresentadas pela acusação como um bom “pacote de entretenimento”.
Mas o líder da parte acusadora, Jamie Raskin, disse que Trump estimulou o extremismo antes mesmo das eleições.
“Esta insurreição pró-Trump não surgiu do nada”, disse Raskin. “Esta não foi a primeira vez que Donald Trump inflamou e incitou uma turba”.
Ele afirmou que era imperativo condenar Trump e proibir que volte a concorrer à Casa Branca em 2024.
“Há algum líder político nesta sala que acredite que Donald Trump deixará de incitar a violência para conseguir o que deseja se voltar ao Salão Oval?”, questionou Raskin. “Você apostaria o futuro de sua democracia nisto?”
Também rebateu a afirmação da defesa de que o então presidente estava exercendo seu direito constitucional à liberdade de expressão.
“Ninguém pode incitar uma insurreição”, afirmou Raskin.
O senador republicano Bill Cassidy reconheceu que as imagens eram “fortes”, mas disse que “ainda é preciso ver” como influenciarão o processo.
Outros senadores republicanos parecem decididos a não romper com Trump.
“O voto de ‘não culpado’ está crescendo”, afirmou no Twitter o senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul. “Acredito que a maioria dos republicanos considerou ofensiva e absurda a apresentação” da acusação democrata.
O senador republicano Josh Hawley, de Missouri, repetiu o argumento da defesa de Trump.
“Não receberão nada além da minha condenação pelo que aconteceu com os criminosos no Capitólio em 6 de janeiro”, disse Hawley a Fox News. “Mas isso não faz com que este julgamento seja mais legítimo do que é, que é totalmente ilegítimo, sem base na Constituição”.