Fotos: Alejandro García

Em média, pelo menos uma mulher é violentada todos os dias no município de Serra Talhada. A estatística aterradora foi divulgada pelo delegado de polícia Olegário Filho, durante audiência pública sobre violência contra a mulher, na manhã desta terça-feira (22), na Câmara Municipal da Capital do Xaxado. Os dados demonstrados no evento atestam que só no mês de setembro a delegacia local registrou 34 queixas de agressões e ameaças contra o sexo feminino.

A violência contra a mulher em Serra Talhada vem preocupando tanto os entes participantes do poder público como dos órgãos de segurança e a Justiça. Para tentar encontrar saídas em favor do fortalecimento da rede de proteção feminina, se reuniram num debate de mais de três horas o Ministério Público estadual, juízes, representantes do governo municipal e estadual, das polícias Civil e Militar, promotoria federal, defensoria pública, OAB, Câmara de Vereadores, Conselho Municipal da Mulher, Conselho Municipal de Segurança e sociedade civil organizada.

A audiência pública foi marcada pela discussão, especialmente, em torno da efetivação da Lei Maria da Penha para os inúmeros casos registrados diariamente no município. Em muitos deles, as mulheres ainda não exercem, em sua plenitude, o seu direito de proteção. Outras acabam prejudicando a si mesmas, deixando de denunciar os maus tratos sofridos. Na ocasião, foram levantadas problemáticas inerentes a cada órgão participante do debate.

PROMOTORES, JUÍZES, ADVOGADOS , VEREADORES, GOVERNO MUNICIPAL, ESTADUAL E POLÍCIAS CIVIL E MILITAR DEBATERAM SAÍDAS PARA O COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Com a abertura da plenária, foi possível levantar estratégias de atuação a serem aplicadas a curto, médio e longo prazos no município, especialmente, através da Secretaria da Mulher, inaugurada em janeiro em Serra Talhada, pela gestão Luciano Duque. Entre as ideias levantadas, ganhou destaque a que pede o início de um trabalho de conscientização sobre a Lei Maria da Penha juntos às escolas, aos pais e, principalmente, aos homens.

“Porque eles precisam também ser conscientizados com esse trabalho de valorização da mulher”, disse a vice-prefeita e secretária da Mulher, Tatiana Duarte. Entre outras sugestões levantadas durante o evento, destacou-se também a que solicita a criação de núcleos de conscientização e orientação permanentes nos bairros da cidade. Coordenaram os trabalhos da mesa durante a audiência Tatiana Duarte e o promotor Fabiano Pessoa.

Outro promotor presente na discussão, Vandeci de Souza Leite, fez um relato indignado sobre a subutilização da Lei Maria da Maria, não só em Serra Talhada, mas também em outros municípios. E destacou a ausência de ações efetivas que ajudem a população feminina a se sentir mais segura e consciente dos seus direitos. Ele finalizou sua intervenção de forma poética, recitando versos em louvor à mulher.

Outro ponto importante levantado no debate foi com relação à necessidade da criação de programas de incentivo à profissionalização das mulheres em Serra Talhada. “Pois muitas ainda dependem dos homens financeiramente e têm medo de deixar suas casas e ficarem sem sustento”, explanou uma das debatedoras. As ideias levantadas durante a audiência pública servirão para nortear futuras ações e projetos em favor das serratalhadenses.

 As mulheres participaram ativamente das discussões durante a audiência pública