Fotos: Alejandro García/Farol
“Hoje, o maior risco de ameaça a queda de árvores no município chama-se Prefeitura de Serra Talhada”. Essa constatação partiu do Doutor em Ciências Florestais, Wellington Ludgren, membro do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), campus de Serra Talhada. Em conversa com o FAROL, Ludgren lamentou que o prefeito Luciano Duque tenha tomado a decisão de destruir árvores algarobas muito antigas localizadas na avenida Afonso Magalhães, no último fim de semana, sem qualquer aviso prévio ou consulta à especialistas (veja). O professor alertou que os troncos das árvores estavam sadios e o governo tomou uma atitude equivocada.
“Vejo essa atitude como um descumprimento total do nosso acordo, acordo que tínhamos firmado junto à Secretaria Municipal de Obras e os vereadores do município. Foi um descumprimento. E veja: ficou uma coisa muito feia para o prefeito diante a comunidade universitária e a própria população, porque pegou todo o mundo de surpresa, não houve diálogo. Agora sabemos como o governo age com a pauta ambiental, de forma muito suspeita. Achei isso uma manobra muito estranha, de arrumarem um laudo que viesse corroborar com a intenção deles de derrubarem aquelas árvores”, argumentou o professor.
Professores da UAST Walesca Camboim e Wellington Ludgren acionaram a Câmara de Vereadores para evitar a derrubada das árvores, mas foi tudo em vão
Ludgren se referiu a uma reunião, da qual participou ele e outra professora da UAST, Walesca Camboim, juntamente com secretários de governo e vereadores, no final do ano passado (veja). Nesta pauta, ficou acertado que as reformas de canteiros na Afonso Magalhães ocorreriam com a preservação das espécies (veja). O professor disse ainda que, se havia o risco iminente de queda das algarobas, existem técnicas que cuidariam da manutenção das árvores, preservando a saúde delas.
“Nós verificamos e vimos o tronco daquelas árvores. A madeira de todas elas estavam sadias, então, por conta de queda não havia risco algum. Uma árvore cai quando está com doenças na raiz, ou com falhas no tronco ou quando estão isoladas num descampado. Mas nenhuma delas estava assim”, ensinou Wellington Ludgren, contestando o laudo de risco emitido pelo chefe da Defesa Civil, Fred Pereira.
“Uma das árvores sentiu a ação quando jogaram óleo diesel em sua base e tocaram fogo, mas existem técnicas de recuperação e fortalecimento. Por conta de risco de queda não existia essa possibilidade”. O próprio secretário Municipal de Meio Ambiente, Euclides Ferraz, havia garantido a preservação das algarobeiras (veja).
MINISTÉRIO PÚBLICO
Após este episódio, o professor disse que está avaliando a possibilidade de procurar o Ministério Público de Pernambuco. Wellington Ludgren analisou que o governo Luciano Duque deve ter desprendimento político para recuperar o mesmo ambiente onde as algarobas foram ceifadas com árvores de grande porte que deixem a mesma sombra que as antigas espécies faziam. “E isso custa dinheiro e vontade política”, alerta o professor, concluindo:
“Eu já fui informado que a prefeitura pensa em reformar outras praças no centro da cidade e sabemos agora como é que eles agem. Se for assim, Serra Talhada não vai ter uma árvore sequer mais. Porque, no caso daquelas algarobas, será necessário entre 15 a 20 anos para que árvores cresçam ao ponto de produzir uma sombra daquele jeito. Hoje, eu avalio que o maior risco de queda de árvores em Serra Talhada chama-se Prefeitura Municipal de Serra Talhada”.
Professor Doutor em Ciências Florestais disse que foi pego de surpresa pelo governo Duque e pensa em acionar o Ministério Público: “Nós verificamos os troncos e não havia risco de queda”, garante
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