vigilânciaNúcleo de Vigilância em Saúde e Vigilância Sanitária de Serra Talhada confirmam contaminação em Serrinha após exames laboratoriais

Fotos: Alejandro García/Farol

Há cerca de duas semanas que agricultores e pipeiros que utilizam as águas da barragem de Serrinha, na zona rural de Serra Talhada, estão proibidos de captar o líquido no manancial. Segundo a Vigilância Sanitária municipal, após uma avaliação técnica que partiu do próprio órgão em parceria com o Exército, foi constatado que o lago está contaminado com grande concentração de cianobactérias e cianotoxinas. Em conversa com o FAROL, o secretário executivo de Saúde do município, Aron Lourenço, alerta que as substâncias são resistentes à fervura e acarretam sérios riscos à saúde pública.

Com o uso constante, podem causar intoxicação, hemorragia hepática, choque hemorrágico, esclerose aminiotrófica, doenças neurológicas associadas aos males de Parkinson e Alzheimer, além de câncer. “Por prevenção, fazemos essa avaliação da água em Serrinha rotineiramente e detectamos uma alta concentração dessas toxinas, especialmente, porque o nível do manancial está muito baixo, o que favoreceu a alta concentração dessas substâncias no lago. Então, em parceria com o Exército, fomos orientados a proibir o uso da água no manancial e a coleta em carros pipas”, explicou Aron Lourenço.

Aron LourençoSecretario executivo de Saúde, Aron Lourenço, detalhou ao FAROL resultado dos exames

Segundo ele, os níveis de contaminação só deverão baixar quando o volume de água da barragem voltar a subir com a ajuda das chuvas, diluindo a concentração das substâncias nocivas. Diante disso, o município já providenciou novas captações para os pipas em poços artesianos existentes no sítio Jurema, na zona rural de São José do Belmonte. De acordo com o secretário municipal de Agricultura, José Pereira, em conversa com o FAROL, cerca de 100 carros pipas que atuam na região em programas federais de captação de água serão afetados.

O manancial de Serrinha abastece, além de Serra Talhada, pipas de Santa Cruz da Baixa Verde, Triunfo, Calumbi e Flores. “Além dos poços que estamos utilizando em Belmonte, para substituir a captação da água em Serrinha, já estamos preparando também um poço com vazão de 400 mil litros no distrito de Caiçarinha da Penha”, garantiu José Pereira. O secretário disse que irá convocar uma reunião com as vigilâncias sanitárias estadual e municipal, além da Defesa Civil, para encontrar uma solução que evite o consumo da água em Serrinha, principalmente, pelos ribeirinhos.

NÍVEIS ALTÍSSIMOS

O FAROL teve acesso a cinco exames laboratoriais realizados pela Prefeitura de Serra Talhada em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), ligado à Secretaria Estadual de Saúde. De acordo com o estudo, o nível tolerável de cianobactérias na água, estabelecido pelo Ministério da Saúde, é de 20 mil células da toxina por mililitro. Em Serrinha foram encontradas 609.266 cel/ml.

Atualmente, a barragem, que tem capacidade de acumular 311 milhões de metros cúbicos, conta com apenas 39 milhões, ou seja, 12,6% da sua cota máxima. No estudo, a Vigilância Sanitária foi informada que o acúmulo de cianobactérias e cianotoxinas chegam à água através da ação humana, advindas da utilização de fertilizantes, descarga de esgotos industriais e domésticos, destruição da mata ciliar e falta de saneamento básico.

 

Nível de Serrinha está baixíssimo, fator contribui para a concentração de toxinas; poluição humana no Rio Pajeú é uma das causas

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