— Estava no restaurante e disseram: “Marília, olha a tua filha na TV”. Senti vergonha. Quando vi o vídeo, que já havia recebido sem saber que era minha filha, fiquei desesperada — disse Oliveira.
Quem é a agressora de aluna brasileira em Portugal?
Segundo Oliveira, a agressora é uma estudante portuguesa de outra escola e também teria 14 anos. A violência começou porque a portuguesa, filha de uma brasileira, teria ouvido um boato sobre a mãe.
— Minha filha diz que inventaram fofoca sobre a mãe da agressora e, por causa disso, ela foi tirar satisfação. Ficou esperando a hora da saída, às 18h30m, com uma amiga, que filmava enquanto ela batia — declarou Oliveira.
Como aconteceu agressão a aluna brasileira em Portugal?
No vídeo, a agressora vai atrás da vítima, dá um tapa em seu rosto e, depois, consegue jogá-la na calçada. Imobilizada, a filha de Oliveira recebe uma sequência de socos no rosto.
— Fomos ao hospital e tenho o laudo. Minha filha está com hematomas e não quer sair de casa, com vergonha. A escola sugeriu que fique em casa até quarta-feira. Ela chora direto porque vê na TV, foi noticiado em todos jornais — disse Oliveira.
Oliveira diz que irá hoje à delegacia com a filha. De acordo com ela, uma queixa já foi apresentada na última semana. Também haverá uma reunião na escola.
— Nada teria acontecido se houvesse policiamento na porta das escolas. E se ela estivesse armada? Eu venho de uma favela de Fortaleza e vi muita coisa, mas nunca pensei em ver violência com minha filha em Portugal — afirmou Oliveira.
Ameaças e xenofobia na escola
Oliveira diz que a filha já sofreu ameaças e xenofobia na escola. E o mesmo aconteceu com o filho menor. Os três, há cerca de quatro anos em Portugal, vivem sozinhos em Santarém, porque o marido e pai foi transferido para a França, onde trabalha na construção civil.
— Meus dois filhos sofreram insultos xenófobos e choraram quando ouviram “volta para tua terra”. Minha filha quer ir embora para o Brasil, sofre com o preconceito e pede socorro. Mas não penso em ir embora, penso que as coisas têm que mudar — disse Oliveira.
Petição por mais policiamento nas escolas em Portugal
Para pressionar por mais policiamento nas escolas, a brasileira Juliet Cristino, técnica em segurança do trabalho e fundadora do Comitê dos Imigrantes de Portugal (CIP), criou em janeiro uma petição, que pode ser assinada aqui.
— Há muita violência nas escolas e isso não pode acontecer. Temos que colocar policiamento para proteger a nossa nova geração — declarou Cristino.
A imigrante brasileira, que acumula conquistas em nome dos estrangeiros, questiona a estratégia de segurança pública nas cidades.
— Cadê os policiais? Estão nos supermercados. Estou pedindo, na petição, policiamento nas escolas, radar a 30 metros da faixa de pedestres de cada escola, monitoramento por câmera em toda a propriedade escolar e que os pais tenham acesso a esse sistema de vigilância — explicou Cristino.
Programa Escola Segura (PES)
A Polícia de Segurança Pública (PSP) mantém desde 1992 o Programa Escola Segura (PES), criado com o objetivo de “melhorar os índices de segurança”, como informa o órgão em sua página.
Em 2017, foi publicado um despacho que define as atuais regras do programa. Entre elas, a “garantia da segurança das áreas envolventes dos estabelecimentos de ensino”.
Ainda segundo a página do programa, os objetivos prioritários são, entre outros, “diagnosticar, prevenir e intervir nos problemas de segurança das escolas e prevenir e erradicar a ocorrência de comportamentos de risco e ou de ilícitos nas escolas e nas áreas envolventes”.