Fotos: Farol de Noticias/Licca Lima

O programa Falando Francamente, desta sexta-feira (24), na TV Farol, abriu um debate muito importante sobre a estiagem que castiga setores da zona rural de Serra Talhada. Na bancada, o ambientalista Bonzinho Magalhães, e o ex-secretário de Agricultora e ex-vereador Zé Pereira, botaram o ‘dedo na ferida’ revelando uma situação que pode piorar nos próximos meses. Ambos revelaram que alguns agricultores estão vendendo seus animais, com prejuízo, por falta de pasto e água.

“Ou vende ou vai morrer de sede, vai morrer de fome porque a seca ela chegou de cima para baixo mesmo. Não está tendo água nos mananciais. Algumas regiões ainda tem aqueles riachos e alguns poços tem água. Isso dá para se manter, mas boa parte da região de Serra Talhada não tem mais mananciais com água. O pasto que tem os animais já comeram e o outro secou, então se não tiver água, vai ter que vender mesmo e quando a gente entra numa situação dessas, num período critico  como esse,  tudo que tinha valor cai 50 a 60%. Ou seja, você vai vender pela metade ou menos da metade do preço. Ou seja, vaca que valia R$ 4 mil, há 6 meses atrás, um ano, hoje se você conseguir vender por R$ 2 mil… a situação é calamitosa”, disse Zé Pereira, reforçando: “Nosso lençol freático está vazio. Quem cavar poço daqui por diante vai ser poucos poços que vai ter água. Vai ser cada vez mais pior. Nós vamos chegar o tempo de uma guerra civil de o cara estar brigando por água.

BONZINHO E A FEIRA DO GADO

Já o ambientalista Bonzinho Magalhães foi ainda mais duro, centrando suas críticas à desorganização na Feira do Gado de Serra Talhada, que acontece aos domingos. Segundo ele, um sistema de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que funciona no Rio de Janeiro, também é uma realidade da capital do xaxado.

“Na feira, no domingo, você vai ver a situação do homem do campo. Inclusive eu quero comentar logo o que é a feira de Serra Talhada? Feira do Gado, aquela feira  do domingo tem que mudar, tem que voltar para o dia que ela era.  O camarada vem para essa feira no domingo, ele sacrificou o descanso dele, que era  para ele estar na sombra para cuidar do seu animal e ele vem, paga suas passagens, no caso que tem pessoas que distantes que paga mais de R$ 20,00 de passagem. E para vender o seu animal, só que quando vem para feira é difícil o retorno. Uma ovelha de R$ 500, ele vai vender por R$ 50 e ainda o cara abusado achando que está fazendo favor. Então é um desgraça o que está acontecendo. Não tem pasto, então o que precisa hoje para socorrer isso? O governo federal, através do governo estadual, agora tem que o governo municipal fazer um retrato disso, enquanto tem alguma coisa. É  levar os agricultores mostrando o valor que eles tem, que o produtor da feira somos nós os agricultores, quem produz a feira é o agricultor, é ele que traz o seu produto”, ponderou.

MILITARIZAÇÃO

“Agora o único lugar do Brasil hoje que eu vejo a GLO [Garantia de Lei de Ordem] é na entrada da feira de Serra Talhada, porque você vê Guarda municipal, tudo equipado, polícia militar e a polícia de vigilância sanitária inspecionar o carro na entrada e na saída. Porque tem um bloqueio, e esse camarada ainda vem na sexta-feira para tirar uma GTA, que é uma guia de trânsito de animais para poder ir levar para o domingo. O homem do campo está sendo sacaneado. Então você tem um bloqueio que é para justamente mostrar que o homem do campo está na pior feira, na pior feira. Não tem outra pior do que essa, não o que eu tenho andado por aí”, disse Bonzinho Magalhães, reforçando:

“Porque a feira não tem nada a ver. Não tem “um pé” de pessoa, não tem uma sombra, ali era para estar cercado com árvores, com água para o animal beber, um pontinho  de ração e uma feira humanizada. Se houver um incêndio ali por perto, queima tudo. São barracos. Nós já tivemos outras secas, você pode estar com seu rebanho lascado, mas faltou água, você leva. Precisa entender a realidade do homem do campo”.

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