Do G1
Quem não quer dormir bem? Um sono de qualidade está diretamente ligado ao bem-estar do corpo e da mente, já que ele impacta no humor, na vida social, nos sistemas imunológico e cardiovascular, no trabalho e na vida conjugal.
O sono é um pilar essencial para a nossa saúde, junto com atividade física e alimentação. Por isso, ele não deve ser negligenciado.
“Nosso corpo funciona como uma máquina e o sono é o principal promotor do equilíbrio interno do organismo. Tudo precisa funcionar de forma excelente e quem dá equilíbrio nos processos fisiológicos é ele. Se ele está ruim, o corpo vai falhar”, explica Monica Andersen, diretora do Instituto do Sono e professora da Unifesp.
Quer exemplos de como o sono afeta a nossa saúde?
Distúrbios cardiometabólicos: o sono insuficiente tem sido associado ao aumento do risco de diabetes gestacional, obesidade, diabetes, doença arterial coronária e doenças cardiovasculares
Sistema imunológico e infecções: o sono equilibra o nosso sistema imunológico. A deficiência tem sido associada a uma resposta ruim com vacinações e aumento do risco de Covid-19 e resfriado comum.
Problemas neurológicos: o sono é essencial para a consolidação da memória. Os distúrbios do sono contribuem para o declínio cognitivo e para o aumento do risco de Alzheimer e doença relacionada.
Distúrbios psiquiátricos e psicológicos: o sono regula a emoção e o bem-estar psicossocial. Sua deficiência aumenta o risco de ansiedade, depressão grave, transtorno bipolar.
Problemas sexuais: pesquisas apontam que a privação de sono pode estar associada à redução do desejo e excitação das mulheres. Nos homens, a falta de sono pode aumentar o risco de disfunção erétil e diminuir a produção de testosterona.
“Sabemos que sem sono não vivemos e que dormir é fundamental até para você funcionar durante o dia. A imunidade melhora, o raciocínio melhora, a saúde melhora. Vários processos ocorrem durante o sono, como a consolidação da memória, a saúde cardiovascular, o metabolismo. Não existe saúde geral sem uma boa noite de sono”, alerta a neurologista Dalva Poyares, uma das autoras do artigo “A necessidade de promover a saúde do sono nas agendas de saúde pública em todo o mundo”, publicado na revista The Lancet.
As especialistas explicam que esses prejuízos são sentidos por pessoas que privam o sono por um longo prazo. Ou seja, está tudo bem não ter uma noite boa de sono. O problema é quando a noite mal dormida se torna recorrente.
Um sono de qualidade
O que é dormir bem? Segundo as especialistas, o dormir bem é uma sensação subjetiva, mas que está associada a ter um sono na qualidade e quantidade adequadas.
“Uma sensação de acordar bem, espontaneamente, passar o dia bem. Esses são pequenos sinais de que você está dormindo bem”, diz Poyares.
E quantas horas devemos dormir? Ouvimos que o ideal é dormir 8 horas, mas não é bem assim. Para começar, cada indivíduo é único. Por isso, não há um número mágico de horas recomendadas. Além disso, a necessidade muda com a idade.
“O adulto dorme entre 7 e 9 horas. Ainda é normal que durma ou 6 ou 10 horas. Não existe um número chave, mas existe uma média para cada faixa etária para recuperar energia, capacidade de resolução de problemas, de viver um dia disposto”, explica Sandra Doria, otorrinolaringologista com especialização em Medicina do Sono e pesquisadora do Instituto do Sono.