Publicado às 13h30 desta quinta (20)

Passadas duas semanas da tragédia brutal que tirou a vida do empresário serra-talhadense João Batista Magalhães, do seu filho Vinícius e mais três parentes, na cidade de Milagres (CE), a família das vítimas disse que pretende processar o Estado do Ceará, cobrando indenização.

Em entrevista exclusiva ao programa Frequência Democrática, na rádio Vilabela FM, no final da manhã desta quinta (20), a matriarca da família, Antônia Magalhães, 75 anos, confirmou que precisa de um advogado para ajudá-los a cuidar deste caso.

“Foi injusta a morte do meu filho. Esses policiais que disseram que eram da inteligência… [da PM] Que inteligência é essa? Se estavam com três meses que investigavam os bandidos. Eles não sabiam que poderiam estar com o meu filho? Como troféu de salvação deles? E ainda mais o governador [do Ceará, Camilo Santana] dizer aquilo? Então eu quero Justiça! É para a gente estar feliz, achando que a operação [da PM] foi bela? De jeito nenhum”, disse dona Antônia Magalhães, desabafando:

“Eu espero que apareça alguém que fale pelos direitos de minha família. Não é o Estado responsável pela ação dos policiais? Palavra dita e pancada dada é difícil de esquecer. Se tiver gente que nos ajude nessa parte [jurídica], processar o Estado… Eu não quero que o meu neto se crie sem ter uma proteção, como ele vai ficar agora? Ele precisar de um bem estar, como o pai dele dava”.

A ROCHA DA FAMÍLIA

Dona Tonheira, como é popularmente conhecida, revelou também que vem se apegando ainda mais às orações para passar tranquilidade aos demais parentes que enxergam nela um porto seguro. “É por obra e graça do divino espírito santo que eu estou em pé. É o que está me sustentando e consolando junto com o carinho dos amigos e da comunidade. Só Deus sabe como estou. Sempre vivo em oração. Confio na justiça de Deus e na justiça dos homens”.

PREMONIÇÃO E SONHO MISTERIOSO

Durante a entrevista, a mãe do empresário João Batista Magalhães revelou que estava orando na madrugada do massacre de Milagres, quando sentiu uma estranha sensação.

“Na oração que eu fazia, falava no surgimento de uma noite traiçoeira, no meio da reza eu pensava: ‘meu Deus, para quem será essa noite traiçoeira?’. A oração falava ainda no servo Jó, que o encardido disse a Jesus se tirasse todos os bens dele, ele iria fraquejar. Aí Jesus disse: ‘tire tudo quanto tiver. Só não tire a vida do meu servo’. Aí eu pensava: ‘Quem será este Jó?’. E não sabia que poderia ser comigo”.

A matriarca também revelou que sonhou com o Padre Jesus García Riaño, dias antes da tragédia. Padre Jesus foi um religioso que ficou marcado na memória de Serra Talhada, décadas atrás. “Eu me encontrava com o Padre Jesus e ele esticava uma toalha coberta de alfinetes sobre meus pés. E eu perguntava a ele: ‘Por que isso, Padre Jesus?’ E ele não me falava nada”.