Do Diário de PE

Acabo de comunicar ao presidente @MichelTemer que deixo a Liderança do Governo por discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima.

— Romero Jucá (@romerojuca) 27 de agosto de 2018

Presidente do MDB e líder do governo no Senado, o senador Romero Jucá (MDB-RR) avisou, nesta segunda-feira (27), ao presidente Michel Temer, que deixará a liderança da Casa. Segundo o parlamentar, a decisão foi tomada por discordar da forma como o Planalto está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima.

“Entendo que o governo brasileiro tem posição institucional quanto à migração e recepção dos refugiados, mas este caso tem que ser analisado mediante a condição do povo de Roraima, o nosso espaço e a nossa capacidade econômica e social”, disse o documento assinado por Jucá.
“Sendo assim, Excelentíssimo Presidente, entre o posicionamento em defesa de Roraima, e as ações do governo federal, não titubeio em ficar ao lado do nosso povo e do estado que represento. Tenho me manifestado cobrando e protestanto quanto à falta de uma solução que enfrente o problema”, justifica o senador.

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Jucá, no entanto, nega que o governo esteja de má vontade para resolver a questão. Ele ressalta, contudo, que, seria um contrasenso cobrar na função de líder no Senado. “Como líder não poderia criticar o governo. Não poderia ir contra as posições”, explicou. O parlamentar garante que, para fazer as reivindicações prevalecerem, fará muito “barulho”. “Cobrarei muito do governo, que terá que se mover para resolver esta questão de alguma forma. Do jeito que está é que não pode ficar”, destacou.

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O senador também nega que a decisão de deixar a liderança do governo tenha motivação eleitoral. Na pesquisa do Ibope sobre intenção de votos entre senadores em Roraima, ele aparece em terceiro, com 25%. Apenas os dois mais votados são eleitos para o Senado na próxima legislatura. O parlamentar desdenha da pesquisa e diz que, em outras, ele aparece em primeiro lugar. “O presidente não tira um voto de Roraima. Fui líder e ajudei a fazer muita coisa. Está aí a liberação (dos saques das contas inativas) do FGTS, do PIS-Pasep, de redução dos juros, da inflação, de crescimento econômico. O resultado do governo não está em xeque. Estamos discutindo crise venezuelana. E, neste ponto, o governo não está agindo como eu espero que aja”, frisou.

Histórico

Na semana passada, Jucá propôs a Temer a suspensão temporária da fronteira com o país vizinho em Pacaraima. O senador afirmou que o presidente analisaria os aspectos operacionais e jurídicos para encontrar uma solução para a crise migratória no estado.

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No último 18 de agosto, venezuelanos foram atacados por brasileiros em Pacaraima, em represália ao assalto a um comerciante local, que teria sido cometido por quatro imigrantes. Moradores da cidade destruíram e queimaram os acampamentos e os pertences de quem havia atravessado a fronteira e estava nas ruas.

Para tentar conter a violência entre os grupos, Temer decidiu, em uma reunião com um grupo de ministros, enviar 120 militares e 36 voluntários da saúde ao estado. Cerca de 60 militares já estão em Pacarima. Os médicos, enfermeiros e técnicos de laboratório de hospitais chegaram nesta segunda.