Da CNN Brasil

Pouco mais de um ano após receber o prêmio Nobel da Paz, o premiê da Etiópia, Abiy Ahmed, é uma figura central em uma escalada de conflitos internos que desestabiliza o país, com confrontos entre as forças nacionais e dissidentes da região de Tigray.

Em outubro de 2019, Abiy foi condecorado com o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho para encerrar vinte anos de impasse entre a Etiópia e a vizinha Eritreia.

Nesta segunda-feira (16), em meio a uma outra escalada de conflitos, o governo do premiê anunciou ter capturado outra cidade na região de Tigray, no norte do país, em mais um capítulo de combates internos que já duram duas semanas.

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Centenas morreram, pelo menos 20 mil refugiados fugiram para o Sudão e houve relatos de atrocidades desde que Abiy ordenou ataques aéreos e uma ofensiva terrestre contra os governantes da região por desafiarem sua autoridade.

Entenda o conflito

No início de novembro, Abiy Ahmed ordenou que tropas entrassem em Tigray em resposta a um suposto ataque da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) a uma base militar federal na capital regional de Mekelle.

Região dissidente da Etiópia, Tigray, onde vivem mais de 5 milhões de pessoas, é governada pela TPLF, que tem representação como um partido no país.

Após ofensivas dos dissidentes, uma força-tarefa criada por Abiy disse que tropas “libertaram” a cidade de Alamata, parte de Tigray, da TPLF.

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Durante os conflitos, o governo federal anunciou um estado de emergência de seis meses na região separatista, o que dá às forças federais amplos poderes. As linhas de Internet e comunicações foram bloqueadas na região, de acordo com repórteres locais.

O líder da TPLF, Debretsion Gebremichael, solcitou às Nações Unidas e à União Africana que condem as tropas federais da Etiópia, acusando-as de usar armamento de alta tecnologia, incluindo drones, em ataques.

“Abiy Ahmed está travando esta guerra contra o povo de Tigray e ele é responsável pela inflição proposital de sofrimento humano às pessoas e pela destruição de grandes projetos de infraestrutura”, disse ele.

“Não somos os iniciadores deste conflito e é evidente que Abiy Ahmed conduziu esta guerra como uma tentativa de consolidar o seu poder pessoal”, acrescentou.

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O conflito pode prejudicar uma abertura econômica recente da Etiópia, provocar derramamento de sangue étnico em outras partes do segundo país mais populoso da África e manchar a reputação de Abiy após o reconhecimento do Prêmio Nobel.