Argentina se retira da eleição-chave na Unesco

Foto: Luis Robayo/AFP

Por Folha de Pernambuco

Argentina, que no domingo elegeu o polêmico Javier Milei como presidente do país, anunciou nesta quarta-feira (22) a retirada de sua candidatura para uma carga estratégica na Unesco, e depois disso o Brasil apresentou uma candidatura tardia à votação.

“O governo da República da Argentina decidiu retirar a candidatura da embaixadora [na Unesco] Marcela Losardo […] à presidência do conselho executivo”, indicou a delegação argentina nesta agência da ONU em uma carta enviada aos Estados-membros e à qual a AFP teve acesso.

Continua depois da publicidade

“Após a retirada da candidatura da República da Argentina, o governo do Brasil decidiu apresentar a candidatura da embaixadora Paula Alves de Souza” e “agradeceria enormemente o importante apoio dos membros do conselho executivo nesta votação”, declarou a delegação brasileira na Unesco, também em uma carta.

Esses dois anúncios representam um novo giro na movimentada votação de sexta-feira para eleger o próximo presidente do conselho executivo da Unesco, um órgão de suma importância que, no ano que vem, vai propor aos membros um sucessor para a diretora atual, a francesa Audrey Azoulay, que deixará o cargo no final de 2025.

A carga do próximo presidente do conselho executivo corresponde à América Latina e ao Caribe para o período 2023-2025.

Até a eleição de Milei como novo presidente da Argentina no domingo, a ex-ministra da Justiça Marcela Losardo contou com o apoio de várias chancelarias, recusando a candidatura de sua única oponente, a franco-libanesa Vera El-Khoury Lacoeuilhe, que se apresenta pela pequena ilha caribenha de Santa Lúcia.

O principal apoio de El-Khoury Lacoeuilhe, o bilionário nigeriano e suíço Gilbert Chagoury – delegado permanente de Santa Lúcia na Unesco -, foi condenado no ano 2000 na Suíça por lavagem de dinheiro e, em 2021, nos Estados Unidos, por financiamento ilegal de um partido político.

Continua depois da publicidade

Um diplomata assinou à AFP o “dano à comissão” que uma agência da ONU venceria se a candidatura de Chagoury ganhasse.

De acordo com vários diplomatas, a vitória do ultraliberal Milei, cujas posições antiaborto e de questionamento das causas da mudança climática são completamente opostas às defendidas pela agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura, tornou-se impossível a vitória de Losardo, que na segunda- feira afirmou à AFP que não queria renunciar.

“Diante da retirada da candidatura” de Marcela Losardo, a França anunciou na quarta-feira em uma nota diplomática “seu apoio sem ressalvas” à candidatura brasileira.