O artista plástico recifense Samuel de Saboia, 21 anos, foi destaque em uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times, publicada no final de agosto. Natural do Totó, periferia da Zona Oeste, o pintor aparece como um dos nomes que integram a primeira edição da revista Samba Zine, criada por Juliano Cobetta na cidade de São Paulo. No texto, o repórter Nick Remsen afirma que a publicação é uma “fantasia para dias sombrios no Brasil”.
“Jair Bolsonaro lançou uma sombra nos nove meses desde que assumiu o cargo: aumentou o desmatamento, usar a retórica polarizadora e parecer promover a homofobia e a transfobia”, diz o texto. O ator bissexual Pedro Alves e o cantor transgênero Liniker também são citados na matéria.
Em suas telas, Samuel trabalha com a estética do Afropresentismo, que usa de traços abstratos para redefinir a representação do negro na arte e reivindicar avanços para essa população na atualidade. Ele começou seus primeiros trabalhos artísticos com 14 anos. Mais tarde, ganhou na internet, sobretudo no Instagram (@samueldesaboia). Desde 2016, ele tem realizado exposições em cidades como Nova York e Paris.
Em julho de 2018, o Diario de Pernambuco foi o primeiro jornal de grande circulação a entrevistar o jovem.
“Como é incrível o chegar e quão é incrível a caminhada, sem mais ou mas, ambas permanecem intactas com suas próprias belezas, potências, sustos e transformações”, escreveu Samuel, em publicação no Instagram para divulgar a matéria. “Faz um certo tempo que o menino do Totó saiu do Totó, mas o Totó é base, é playground de ideias, de sonhos e conquistas. Origens das mais cabreiras às mais pomposas são apenas origens se não fizermos algo com elas, se assim como alquimistas não transformamos em ouro”.
“Cada oportunidade é uma porta dourada com um mundo inteiro que só entrando se descobre, tenho sido guiado em prol de algo maior e na base de tudo quero sempre carregar essa sensação boa de se sentir agradecido, pela luz, pelas bençãos, pela sorte e por poder passar por tudo sem esquecer da onde vim mas nunca permitir que isso seja fator limitante de onde vou chegar”, continua o jovem. “Hoje cheguei no NY Times graças a um sonhador (Juliano) que tem feito esforços imensuráveis para reviver a cena editorial brasileira e sim, seguimos vivas, vivos, vives e respirando. Brasil é potência, em todos os fatores e no momento que nos apossarmos disso veremos enfim o quão capazes somos de mudar o mundo”.
MAIS SOBRE A SAMBA ZINE
A Samba Zine é produzida por fotógrafos, estilistas, maquiadores e profissionais LGBTs. A revista será lançada no final de setembro com 200 páginas, sendo publicada duas vezes por ano. Inicialmente, virá com uma colaboração de calçados e camisetas com a marca brasileira Fiever.