Fotos: Farol de Notícias / Clayson Cabral

Publicado às 05h37 desta sexta-feira (28)

Por Clayson Cabral, repórter especial do Farol de Notícias

O umbuzeiro é conhecido como uma árvore sagrada do Sertão, parente da seriguela e do cajá com um azedume leve característico. Dela é extraído a polpa para a produção de sucos, doces e geleias.

O umbu é Vitamina C e mostra a sua face nessa época do ano. A safra acontece entre os meses de janeiro a abril e o pé chega a dar 60 a 300 kg da fruta.

O Farol entrevistou algumas vendedoras no centro da cidade que falaram sobre o seu dia a dia e a batalha da venda de umbu em Serra Talhada, que não é tão fácil quanto parece.

Muitos sertanejos não encontram emprego na zona rural e quem não tem uma renda fixa depende da venda da fruta para se manter.

É o caso da dona Francinete Maria da Silva de 42 anos, vendedora de umbu há pouco tempo na rua Afrânio Ribeiro de Godoy, no Centro. Ela colhe o umbu da Fazenda Lagartixa, a 18 km de Serra Talhada.

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“No mato a gente não tem muito serviço então eu vim pra cá pra vender, já estou há 2 anos e a venda é razoável. Tem dia que vende, tem dia que não, a renda por semana aqui eu tiro R$ 300 na semana da segunda ao sábado”, afirma a vendedora.

Ela procura dar o seu jeito de se manter ou ganhar o suficiente para pagar as contas de casa. Não existe concorrência entre as vendedoras, que acabam comercializando perto umas das outras e sempre que dá, elas se ajudam.

A vendedora Maria José da Silva, 33 anos, que vende em frente ao Pátio da Feira diz que as vendas estão fracas este início de ano.

Ela chega todos os dias às 6 horas da manhã e fica até ás 13 horas. Seu umbu é cultivado e colhido na caatinga no sítio Serra Verde, a 12 km de Serra Talhada.

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Muito honesta, ela dá toda credibilidade ao freguês com direito, inclusive, de trocar o produto caso não fique satisfeito.

“Este ano está fraco as vezes melhora, a gente costumava vender bem no Carnaval, mas esse este ano tá bem fraco, nós vendemos um litro entre R$ 3 e o comprador pode escolher como ele quer, nós escolhemos pra sair uma boa venda e se o freguês não gostar temos a obrigação de dizer que não presta não queremos perder o freguês né?”, diz Maria José.

Mas ainda existem aquelas vendedoras que estão por muito mais tempo neste ramo e mesmo assim não desistem, mostram que a esperança é a ultima que morre.

É o caso da dona Damiana da Silva Araujo, 52 anos. Ela, junto com a família, tira o umbu da mata e ele vira o pão de cada dia. A dona Damiana já está há 32 anos no ramo, apesar da crise, não pensa em deixar a venda do fruto.

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“É daqui que tiro sustento senão, eu espero o Bolsa Família, fico esperando um filho de Deus comprar para a gente tirar o feijão, a farinha, o açúcar, e o café porque não é fácil, mas a gente se vira como pode né? Porque é uma safra que tem de ano em ano, três meses mais ou menos difícil, o transporte pra quando chegar aqui não vender ai fica complicado”, afirmou Damiana.

A vida das mulheres batalhadoras umbuzeiras é uma saga, fruto de um trabalho árduo, de sol a sol, com suor e gosto de umbu na espera da doce recompensa advinda das vendas do fruto.