Até 2030 o câncer será a principal causa de morteDo Diario de PE

As perspectivas de cura e qualidade de vida dos pacientes com câncer cresceram exponencialmente nos últimos anos. O desenvolvimento de tecnologias e protocolos de diagnóstico que auxiliam na detecção precoce dos mais variados tipos de câncer, a descoberta de tratamentos mais eficazes e menos agressivos aliados a uma atenção especial à reinserção do paciente à vida produtiva, sexual e afetiva têm ampliado a sobrevida, sem perda significativa de qualidade de vida dos pacientes com câncer.

Os avanços começam na detecção do tumor. Novos protocolos mostram que a inclusão de exames simples, como a colonoscopia, quando adotados para pacientes de grupos que são mais propensos à doença, são decisivos para a descoberta precoce e, consequentemente, um tratamento mais assertivo. Essa descoberta fez com que a colonoscopia fosse recomendada para pacientes com mais de 50 anos, por exemplo. Outros fatores simples de prevenção estão na imunização contra HPV e hepatite B, por meio de vacinas disponíveis na rede pública de saúde, contra doenças praticamente erradicadas e que têm alto impacto na prevenção ao câncer.

Veja também:   13ª MORTE: Homem é assassinado com cerca de dez tiros no Ipsep na noite desta 4ª em ST

Descobertas no campo da genética também têm contribuído para tratamentos mais eficazes e, até mesmo, para evitar que pacientes cheguem a desenvolver a doença. Ficou conhecido o caso da atriz norte-americana Angelina Jolie, que, após um exame detectar uma predisposição genética, somado ao seu histórico familiar, optou por retirar as mamas, antes que o câncer surgisse. O procedimento é envolto em polêmicas e, definitivamente, não deve ser a regra geral, mas mostra como já é possível avançar na identificação e prevenção.

Os tratamentos caminham para uma personalização que reduz os impactos negativos amplamente conhecidos. Exames genéticos, uso de células do próprio paciente para incentivar a imunização — como as Car-T Cells e as terapias-alvo — estão entre alguns dos avanços tecnológicos que trazem maior assertividade ao tratamento.

Esses avanços também são importantes para redução do custo. As terapias-alvo, por exemplo, atacam especificamente células cancerígenas, evitando danos a células saudáveis, mas os valores operacionais iniciais tornavam praticamente impossível sua adoção em larga escala. O mesmo ocorre com as terapias que utilizam Car-T Cells. Pesquisas nacionais, ligadas ao Instituto Nacional do Câncer, têm contribuído para tornar o tratamento mais barato e, portanto, mais acessível, embora nem todas essas terapias estejam, ainda, disponíveis no Sistema Único de Saúde.

Veja também:   Mãe denuncia abuso sexual de filha de 13 anos pelo pai no Sertão Central

Embora pesquisas e novas tecnologias contribuam para detecção da doença e melhor qualidade de vida do paciente com câncer, o ideal ainda é prevenir. Condições ambientais e individuais, como estresse, obesidade, má alimentação (fatores não genéticos relacionados ao estilo de vida), têm sido frequentemente associadas ao surgimento do câncer. É o caso do câncer de pulmão que tem crescido entre não-fumantes. Uma das explicações é o aumento da poluição.

Uma vida saudável, equilibrada, com uma rotina que inclua a prática de atividades físicas, uma alimentação com alta ingestão de frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais e que evite alimentos prontos para o consumo ou prontos para aquecer e carnes processadas, como embutidos, compõem uma forma de viver que estudos apontam como fatores que evitam o câncer e que estão disponíveis para grande parte da população. Mudar a forma como lidamos com o alimento, o trabalho, a rotina, em geral, é fundamental para reduzir as chances de contrair um câncer.

Veja também:   Em nota, Câmara de Vereadores de Serra Talhada admite reajuste, mas nega ato de ilegalidade

A boa qualidade de vida é também fundamental para o sucesso do tratamento do paciente já acometido pela doença. Não é por acaso que meditação, ioga e acompanhamento psicológico cada vez mais têm feito parte da terapia de pacientes em que a doença já foi detectada. É o que chamamos de medicina integrativa. Está cientificamente comprovado que é mais eficaz para o tratamento médico analisar o paciente de maneira integral do que apenas tratar o tumor.

Em oito anos, o câncer será a principal causa de mortes no mundo. Entretanto, sabemos que os avanços na área médica nos permitem (e permitirão) tratá-lo de maneira cada vez mais eficaz. O dado de que haverá muitas mortes por câncer não pode ser motivo de pânico. Precisa ser um convite ao autocuidado, à busca pela qualidade de vida e ressignificação de relações pessoais e profissionais que coloquem a saúde em primeiro lugar.