bBeyoncé acerta várias coisas em “Lemonade”. De cara, um hidrante, vidraças e carros são destruídos por ela com um taco de beisebol, em vídeo do “álbum visual”. Nota-se logo: ela está furiosa. Seguem acertos musicais. Ela transforma a raiva em um disco de cair o queixo.

Traição, racismo e machismo são alvos. As armas são a voz poderosa, ainda mais emotiva que o habitual, a produção com colagens eletrônicas arrojadas e versos confessionais que não escondem dramas, com “fucks” à vontade, sem pedir desculpas pela boca suja.

“Lemonade” tem a mão forte de Beyoncé, mesmo com batalhão de convidados. Jack White, Kendrick Lamar e The Weeknd brilham. Ainda há a sombra extramusical (e extraconjugal) de Jay-Z. Mesmo sem participar, o marido permeia o disco com sua alegada traição.

A arte, ainda bem, é maior do que o marketing. Até porque “lançamento surpresa” de um “álbum visual” não é novidade. Só que “Lemonade” tem o que faltava a “Beyoncé”, seu trabalho anterior nesta mesma linha: coesão. Se antes ela atirava para muitos lados, agora a mira é mais exata. E o ataque, mais poderoso.