Do UOL
O sumiço dos vídeos começou quando o STF tornou mais efetivas as investigações do inquérito sobre fake news, a cargo de Moraes. Em maio foram retirados 1.112 peças. Nas semanas que sucederam a operação realizada no dia 27, em que a polícia foi à casa de youtubers e blogueiros para apreender computadores e celulares, foram deletados três vezes mais vídeos.
“Aparentemente, esses youtubers tinham a sensação de impunidade e imaginavam que estariam protegidos pelo discurso de liberdade de expressão”, analisa Guilherme Felitti, responsável pelo levantamento. “Eles importaram essa noção dos EUA e acreditavam que poderiam fazer o que quisessem, até que bateu no Supremo”.
Os canais que mais apagaram vídeos continuam sendo o Gigante Patriota e o Terça Livre — este último do controvertido bolsonarista Allan dos Santos. Também colaborou para esse resultado expressivo o fato de que um desses canais, o Notícias da Hora, foi excluído pelo próprio YouTube. O dono do canal, Natalício Coelho, reclama de censura.
O YouTube interferiu em outros casos.
A plataforma deletou dois vídeos do canal de Sara Winter: o episódio “Joice me xingou de vagabunda” foi tirado do ar por “assédio e bullying”, e outro, “Palestra – ideologia de gênero para os 300 do Brasil”, por discurso de ódio.
No Terça Livre, o programa ” China e OMS esconderam hidroxicloroquina de você” foi excluído. No BR Notícias, a peça “Explodiu – Fim do covid-19. Brasil sai na frente com cura” também foi retirada. Ambos porque disseminavam desinformação sobre coronavírus.
Guilherme Felitti diz que a “limpeza” continua. “Mas a faxina não significa que estão abandonando o barco. Alguns podem ter retirado os vídeos apenas temporariamente”, explica.