Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Por Metrópoles

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou ao Brasil nesta quinta-feira (30/3), depois de passar três meses fora do país, nos Estados Unidos. Bolsonaro desembarcou no Aeroporto Internacional de Brasília em voo comercial. O avião pousou às 6h36.

No setor de desembarque, centenas de apoiadores esperavam o ex-presidente. Porém, Bolsonaro deixou o local por outra saída e não se encontrou com o grupo. O ex-presidente foi recepcionado no aeroporto pela esposa, Michelle Bolsonaro, e pelo presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto. De lá, seguiu para a sede do PL, onde participa de evento com aliados e familiares.

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O Brasil 21, local do evento de recepção ao ex-presidente, também foi tomado por apoiadores, que entoaram o grito: “O capitão voltou”. A cerimônia com o ex-mandatário, no entanto, foi fechada, sem a participação de apoiadores e da imprensa.

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Retorno em meio a escândalo de joias sauditas

Bolsonaro saiu do Brasil em 30 de dezembro do ano passado, às vésperas da cerimônia de posse de Lula – sem, portanto, passar a faixa presidencial para o sucessor. Ele chegou aos EUA na noite daquela data. Dias antes, havia anunciado que viajaria para Orlando e lá passaria por um “período sabático”, com o fim do mandato.

O ex-chefe do Executivo retorna ao país com um cenário judicial complexo a encarar. É investigado pelo caso das joias sauditas, por suposta incitação aos atos golpistas de 8 de janeiro e alvo de 16 ações que podem torná-lo inelegível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ao sair dos EUA, o ex-presidente declarou que joias do regime da Arábia Saudita não foram surrupiadas, ao ser questionado por repórter da CNN sobre paradeiro dos presentes milionários. “Está à disposição, não está escondido, não foi surrupiado de lá. Mais da metade em volume nós já doamos, doamos para o órgão certo, Acervo Nacional e Biblioteca Nacional. […] Estão no meu acervo [as joias], agora perguntar onde é eu não posso divulgar”, declarou Bolsonaro ainda no Aeroporto Internacional de Orlando.

O retorno de Bolsonaro ao país ocorre sob forte esquema de segurança. O presidente do PL solicitou ao Governo do Distrito Federal (GDF), ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e à Polícia Federal (PF) o reforço no policiamento na região do aeroporto para garantir a ordem e segurança.

O ministro Flávio Dino mobilizou a PF para a chegada do ex-presidente ao Brasil. Fora das imediações do aeroporto, a segurança fica por conta da Polícia Militar (PM) do DF.

Temporada nos EUA

Bolsonaro passou três meses em território norte-americano. A temporada do político brasileiro em terras estrangeiras teve direito a sessões de autógrafos, passeios no mercado, confusão no condomínio e uma grave indigestão que o levou ao hospital.

Liderança x investigações

Correligionários, alguns dos quais criticaram a ausência do ex-mandatário em território brasileiro no início do terceiro governo Lula (PT), pedem que Bolsonaro lidere a oposição neste momento.

No entanto, Bolsonaro terá de enfrentar uma série de investigações na Justiça que pode acabar por desviar o foco e tirá-lo da posição de expoente da direita. A mais recente delas envolve a entrada ilegal de joias doadas pelo governo da Arábia Saudita e a apropriação de dois conjuntos de joias.

Ele também é alvo de investigação por suposto envolvimento nos atos terroristas de 8 de janeiro, em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Esse inquérito apura a instigação e autoria intelectual dos atos antidemocráticos que resultaram em episódios de vandalismo e violência em Brasília no início do ano.

Ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também trazem riscos a Bolsonaro, que pode ficar inelegível e impedido de concorrer às eleições em 2026.

Benefícios

De volta ao Brasil, Bolsonaro manterá uma vida confortável, com acúmulo de aposentadorias e salário do PL. Ele vai morar com Michelle, a filha e a enteada em uma mansão no Jardim Botânico, a 12 quilômetros do Palácio da Alvorada. A casa, onde a ex-primeira-dama já se instalou com as duas filhas, tem 400 metros de área construída e aluguel de R$ 12 mil.

Como presidente de honra do PL, Bolsonaro vai receber um salário de R$ 41,6 mil, valor do teto salarial do serviço público, recebido por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A legislação brasileira não prevê uma pensão especial para ex-presidentes, mas ele vai acumular aposentadorias pagas pela Câmara e pelo Exército. A soma das duas aposentadorias pode chegar a R$ 42 mil por mês, segundo o próprio Bolsonaro.

O ex-presidente dará expediente na sede da sigla, em um prédio ao lado do hotel em que Lula se hospedou durante o período entre a eleição e a mudança para o Palácio da Alvorada. Em frente ao edifício fica o Posto da Torre, onde aconteceram as primeiras investigações da Lava Jato.

Como ex-presidente, Bolsonaro terá ao seu dispor dois veículos oficiais com motoristas, dois assessores e quatro seguranças, todos custeados pela Presidência da República. A segurança pode ser reforçada em eventos públicos, como pediu o presidente do PL nesta semana.