Do g1

Foto: Reprodução/Facebook

A Diocese de Pádua, na Itália, fez um apelo ao presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e disse que o título que ele vai receber de cidadão honorário de Anguillara Vêneta, um vilarejo da região onde nasceu seu bisavô, causa “grande constrangimento”.

Devido à homenagem, ativistas protestaram contra o presidente brasileiro e picharam “Fora Bolsonaro” na sede da prefeitura (veja mais abaixo).

Bolsonaro chegou ao país nesta sexta-feira (29) para participar da cúpula do G20. Depois do evento, o presidente brasileiro deve visitar o vilarejo de Anguillara Vêneta, terra natal de Vittorio Bolzonaro.

Apesar da viagem à Europa, Bolsonaro não irá à cúpula da ONU sobre mudanças climáticas (COP26), que começa após o encontro do G20 e será realizada em Glasgow, na Escócia.

A comuna de 4 mil habitantes fica na região do Vêneto, a cerca de 45 km de Pádua, onde está a diocese que divulgou a nota, intitulada “Laços com o Brasil, apelo a Bolsonaro”, na quarta-feira (27).

A prefeita da Anguillara Vêneta, Alessandra Buoso, é filiada à Liga do Norte (partido de extrema direita italiano) e deve entregar o título de cidadão honorário do município a Bolsonaro. Ainda não foi confirmada a visita do presidente a Pádua.

A nota da diocese diz que “a concessão da cidadania honorária criou um grande constrangimento para nós” e que não é possível ignorar “as muitas e fortes vozes de sofrimento que cada vez mais nos alcançam”.

Protesto de ativistas

Ativistas do “Rise Up 4 Climate Justice” (“Levante pela Justiça Climática”, em tradução livre) afirmaram em uma rede social que “a figura de Bolsonaro representa perfeitamente o modelo capitalista, predatório, destrutivo e colonialista contra o qual lutamos”.

“Depois de saber a notícia de que a prefeita de Anguillara Veneta, da Liga Norte, concederá cidadania honorária a Bolsonaro, presidente do Brasil que visitará Pádua, como ativistas e ativistas do ‘Levante pela Justiça Climática’, não pudemos deixar de nos fazer ouvir”, escreveu o grupo.

Os ativistas também criticaram a forma como o presidente brasileiro lidou com a pandemia e o crescimento do desmatamento no Brasil e disseram que “Bolsonaro encarna o principal inimigo do clima” e “da vida”. “Vamos nos opor aos destruidores de nosso planeta aqui e em todos os lugares”.

Críticas da diocese

No posicionamento divulgado na quarta-feira (27), a Diocese de Pádua também pediu a Bolsonaro que “seja um promotor de políticas respeitosas da Justiça, da saúde e do meio ambiente”:

“A Diocese de Pádua, tornando-se porta-voz de um sentimento generalizado e em virtude do vínculo que une o Brasil com a nossa terra, aproveita a oportunidade da possível passagem do presidente Bolsonaro por Anguillara Veneta para pedir-lhe sinceramente que seja um promotor de políticas respeitosas da Justiça, da saúde e do meio ambiente, especialmente para apoiar os pobres”, diz o texto.

O documento também destaca as figuras dos padres Ezechiele Ramin e Ruggero Ruvoletto, ambos assassinados por pistoleiros no Brasil, e afirma que, nos últimos meses, os bispos brasileiros “estão denunciando fortemente a violência, o abuso, a exploração da religião, a devastação ambiental e ‘o agravamento de uma grave crise de saúde, econômica, ética, social e política, intensificada pela pandemia'”.

“A notícia destes dias volta ainda mais os holofotes para a gestão da emergência da Covid, em um país que já registrou mais de 600 mil mortes na pandemia”, diz o texto.

Recentemente, mais de 400 padres e 10 bispos católicos brasileiros assinaram um manifesto que acusa Bolsonaro de ter profanado o Santuário de Nossa Senhora Aparecida no dia 12, dia da padroeira do Brasil.