De O Globo
SÃO PAULO – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez nesta quinta-feira uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro , a quem se referiu como “produto dos nossos erros”. O deputado também afirmou, em outro discurso, que o radicalismo das falas do presidente atrapalha a tramitação de projetos no Congresso:
— Bolsonaro é produto dos nossos erros. Onde nós erramos? Deputado sem partido, escanteado por todos, resultado do ciclo dos últimos anos. — declarou o parlamentar, em um evento organizado pela Fundação Lemann, em São Paulo, do qual também participaram o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
— Bolsonaro era de um partido nanico. Se ele chegou onde chegou a culpa é nossa — acrescentou o presidente da Câmara durante o evento.
Mais cedo, Maia já havia dito que a forma radical do presidente de abordar temas polêmicos acaba por atrapalhar a tramitação dos projetos que ele próprio defende, uma vez que afasta o apoio de parlamentares indecisos.
– A vocalização dos temas (da agenda de valores) de forma muito dura acaba atrapalhando a própria tramitação dos projetos. O radicalismo do discurso, essa vocalização mais dura, assusta alguns deputados que poderiam estar dispostos a olhar o tema – disse Maia durante participação do 2º Macro Day BTG.
Maia afirma que, embora o governo federal tenha apoio para a sua agenda de reformas econômica, na pauta de valores essa maioria não existe.
– Me dá a impressão que ele não tem maioria nessa agenda de valores. E claro que qualquer presidente gostaria de ter maioria em todos os temas – disse, afirmando que sua relação com Bolsonaro melhorou nas últimas semanas, e que as conversas entre os dois estão mais frequentes.
Para ele, nem todas as pautas propostas pelo governo federal vão avançar na Câmara. Como exemplo, citou as mudanças para o porte de armas, que deve encontrar resistência no parlamento, e as inciativas para retirar a obrigatoriedade do uso de cadeira de segurança para crianças.
Maia considera ainda que o projeto anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, acaba abordando vários temas, mas sem tratar de assuntos que são mais urgentes no momento.
– Precisava ser um projeto mais forte. Uma reforma geral no sistema prisional. Isso seria uma resposta mais forte à sociedade. O projeto do Moro é um projeto que abrange várias áreas e mistura crime do colarinho branco com crime organizado – avaliou.
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