Publicado às 06h deste sábado (19)

O maior vencedor envolvendo as declarações do secretário Carlito Godoy, ao Programa Falando Francamente, da TV Farol, foi justamente Jair Bolsonaro. E isso é fácil de entender. Nesse contexto eleitoral de 2022, o mais interessado em ver o PT ser rotulado de sociopata é Bolsonaro.

Então, fica claro que Carlito endossa a narrativa bolsonarista de que os adversários são os que tem desvio de caráter e o presidente é o melhor de todos. Mas vale registrar que o presidente já entrou para história como um genocida.

O problema é o quanto esse debate mal resolvido vai no ambiente das relações políticas entre Márcia Conrando, Luciano Duque, o PT de Serra Talhada/Pernambuco e do próprio Carlito. Márcia Conrado está correta em prezar pela autonomia que o seu cargo lhe confere, mas erra ao não enquadrar o seu secretário que publicamente criticou o seu partido e indiretamente os companheiros de legenda.

No mínimo essa é uma situação na qual uma retraliação pública se faz necessária. Sem rodeios, o PT de Serra Talhada saiu desmoralizado nesse episódio e Luciano Duque deixou claro que tem alguns pontos divergentes em relação a equipe da prefeita.

Uma coisa tem que ficar bem clara para Carlito e outros tantos que possuem cargos de confiança na gestão municipal. Não foram os bolsonaristas que elegeram Márcia, pelo contrário, a maioria deles votaram em Victor Oliveira, Socorro Brito e Marquinhos Dantas. Os bolsonaristas são em sua maioria oposição a Márcia, a Luciano e ao próprio PT. E muitos deles são radicais, usam da prática da “fake news” e do artifício dos ataques. Agradar ou abrir espaço para esse tipo de comportamento é algo muito perigoso.

Em certos momentos na política não existe meio termo, ou você é quente ou é frio. Ou se joga no time “A” ou no “B”. Até quem quer ser juiz pode acabar em algum momento sendo tendencioso para algum dos lados.

Ser um democrata e ser uma pessoa que dialoga na política são coisas distintas. Você pode dialogar com todos os setores no cotidiano da vida administrativa, social, econômica e cultural sem problemas, assim como você pode simplesmente romper relações políticas e continuar “dialogando” com as pessoas. Responder a ataques verbais faz parte da democracia. Se posicionar diante de agressões sem perder o nível também é um gesto democrático.

Alguém certamente irá dizer que tudo está resolvido e que está tudo bem e que o episódio está superado. Talvez uma foto em um ‘ângulo bem alinhado’ comprove que existe harmonia e sintonia entre os personagens dessa intrigante história. Mas aqui pra nós, será que tudo anda realmente bem na alta cúpula da política serra-talhadense? Quem viver, verá!