Da Folha de PE

Walter Souza Braga Netto deixou o Governo Federal nesta sexta-feira (1º) para cumprir o prazo determinado pela Lei Eleitoral para que ele possa concorrer nas eleições deste ano. Braga Netto ocupava o cargo de Assessor Especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República. Ele deixa o governo para ser o vice na chapa de Bolsonaro na tentativa de reeleição ao Planalto.

O general é ex-ministro da Defesa e deixou o comando da pasta no dia 31 de março também em respeito à legislação. Na época, ele já era cotado para estar ao lado do presidente na campanha. Na mesma data, outros nove ministros deixaram o governo.

Na semana passada, Bolsonaro confirmou que Braga Netto seria seu vice. Antes do anúncio, o núcleo político da campanha tentava emplacar a ex-ministra da Agricultura e deputada Tereza Cristina (PP-MS) na chapa para disputar a reeleição por considerá-la um nome mais forte para a disputa.

O presidente havia dito que só indicaria o seu vice às vésperas da convenção partidária, mas antecipou o anúncio por dois motivos, segundo interlocutores: para encerrar especulação sobre Tereza Cristina e criar um “fato novo” para a campanha na tentativa de mudar a agenda. Nos últimos dias, o governo enfrenta uma crise devido a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, por suspeitas de irregularidades na distribuição de recursos da pasta para prefeituras.

Como O Globo mostrou, a ameaça de perder a vaga de vice fez com que Braga Netto assumisse mais funções no comitê de campanha. Nos últimos dias, ele passou a atuar de forma mais intensa na coordenação do grupo e se aproximou dos responsáveis pelo marketing da disputa eleitoral.

Pessoas próximas ao presidente afirmam que ele não abriria mão de mais uma vez ter um general ao lado. Braga Netto é visto por Bolsonaro como um “seguro-impeachment” em um eventual segundo mandato, ou seja, alguém que a classe política não gostaria de alçar à condição de presidente, principalmente por se tratar de um general ainda próximo do comando das Forças Armadas. Além disso, o ex-ministro da Defesa também cumpre a função de construir a imagem de que Bolsonaro tem o respaldo irrestrito dos militares.

O general da reserva entrou no governo em fevereiro de 2020, inicialmente para comandar a Casa Civil. Ganhou a confiança de Bolsonaro por ter coordenado as ações do governo durante a pandemia de Covid-19.

No ano seguinte, quando o presidente demitiu Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, por falta de alinhamento, precisava colocar alguém de sua confiança no cargo, e o escolhido foi Braga Netto.