Brigas, gritos de 'assassino' e 'mentiroso': bastidores de debate reflete polarizaçãoDo Terra

 

Enquanto os candidatos respondiam perguntas no estúdio do primeiro debate na TV entre presidenciáveis, que aconteceu na Band, em São Paulo, neste domingo, 29, nos bastidores o clima era de provocação, deboche e tensão, com direito a duas brigas que quase levaram convidados a serem expulsos do espaço.

Integrantes de partidos políticos, candidatos e aliados dos presidenciáveis ficaram em uma sala separada, já que não poderiam permanecer no estúdio do debate –uma exigência das próprias legendas. No local, os convidados foram dispostos em cadeiras reservadas para as siglas PT, PL, MDB, PDT, Novo e União Brasil. Todos estavam no mesmo ambiente e sem separação, o que permitia interação entre eles.

Logo no primeiro bloco do debate, que era exibido em um telão, a polarização das eleições mostrou também estar presente nos bastidores. Na primeira vez em que Jair Bolsonaro (PL) apareceu na TV, petistas passaram a gritar “assassino”, provocando reação entre os convidados do PL, que chamaram o presidente de “mito” e pediram silêncio.

A partir disso, integrantes do PL fizeram provocações com mais frequência, dando risadas quando Bolsonaro fazia perguntas para Lula (PT) sobre corrupção, por exemplo, e gritando “mentiroso” e “cara de pau” nas respostas do petista, que afirmou ter sido absolvido nos processos da Lava Jato e que era inocente.

Brigas

Os momentos de maior tensão nos bastidores quase terminaram em briga física e na expulsão de alguns dos presentes. Durante uma fala do ex-presidente Lula sobre meio ambiente, Ricardo Salles – que foi ministro da Pasta durante o governo Bolsonaro – debochou do petista, chamando-o de mentiroso, e provocou reações entre aliados do PT, como o deputado federal André Janones (Avante).

O parlamentar, que este ano desistiu da corrida presidencial para apoiar Lula, se levantou da cadeira e foi em direção a Salles para bater boca. Quem estava próximo tentou intervir e separar os dois até a chegada dos seguranças, que ameaçaram retirá-los da sala se a discussão continuasse. Os demais convidados de outros partidos se limitaram a filmar a briga, deram risadas e alguns se irritaram com a situação, pedindo que Salles e Janones fossem “brigar lá fora”.

O clima até que melhorou, mas somente até o intervalo do primeiro para o segundo bloco, quando convidados do PL passaram a provocar Janones enquanto ele dava entrevistas para jornalistas. Nikolas Ferreira (PL-MG) e Adrilles Jorge, candidato a deputado federal pelo PTB, provocaram uma segunda briga que quase foi as vias de fato. Adrilles chegou a simular um tapa em seu rosto para provocar Janones. “Vem, vem”, disse.

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Novamente os seguranças apartaram a discussão, com novas ameaças de expulsão, mas todo mundo permaneceu na sala, que passou a ter uma presença constante e bem maior de seguranças após o novo desentendimento.

Barreira de proteção

Durante os demais intervalos, os seguranças chegaram a fazer uma ‘barreira de proteção’ entre as cadeiras do PT e do PL para evitar novos confrontos, o que não ocorreu, mesmo com Ricardo Salles novamente debochando de Lula no debate. “Criminoso, bandido”, gritou, mas não houve reação por parte do PT, que apenas aplaudiu as falas de Lula no debate.

Outro espaço animado da sala de convidados era o do PDT. As falas de Soraya Thronicke ganharam risadas maliciosas quando a candidata afirmou que Bolsonaro era ‘tchutchuca com homens e tigrão com mulheres’. Em outra fala de Soraya, quando ela comentou que ‘virava onça’, foi possível ouvir um “vai virar a Juma” entre os pedetistas, uma referência à novela ‘Pantanal’.

Apesar do clima polarizado, o que uniu parte dos partidos foi uma risada conjunto quando Ciro Gomes (PDT) citou o episódio em que Bolsonaro foi assaltado e teve sua arma levada pelo criminoso. Apenas membros do PL não acharam graça e ficaram em silêncio.