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Por Folha de Pernambuco
O retorno do fenômeno climático El Niño após quase quatro anos aumenta as condições meteorológicas extremas, dificuldades econômicas e perturbações agrícolas em todo o mundo. Porém, à ampla gama de impactos, cientistas acrescentam um outro efeito que causa preocupação: o ressurgimento de doenças tropicais pelo globo.
A ocorrência do fenômeno climático, que segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) começou há cinco meses com 62% de chances de persistir até junho do próximo ano, soou o alarme numa conferência de imprensa da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda no fim de junho, o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus alertou que o fenômeno climático “pode aumentar a transmissão da dengue e de outros chamados arbovírus, como Zika e Chikungunya” pelos países. Os mosquitos que transmitem esses vírus florescem no clima mais quente que o El Niño traz a muitas partes do mundo.
No Brasil, por exemplo, ainda em 1955 o Aedes aegypti foi erradicado como resultado de medidas para controle da febre-amarela. Mas, no final da década de 1960, o relaxamento das estratégias permitiu a reintrodução do vetor em território nacional, que hoje vive recordes das doenças transmitidas por ele.
Regiões da América do Sul à Ásia já enfrentam surtos de doenças tropicais. O Peru declarou estado de emergência devido ao pior surto de dengue já registrado neste ano, com cerca de 150 mil casos suspeitos relatados até o meio de 2023. A OMS alertou que as infecções estão colocando um “pesado fardo” no sistema de saúde do país.
A Tailândia registrou o maior número de casos de dengue em três anos, com 19.503 notificados pelas autoridades de saúde locais até o início do El Niño. Os casos também aumentaram na Malásia e no Camboja, enquanto as autoridades de Cingapura alertaram no início do ano sobre o potencial para também enfrentar uma onda de diagnósticos.
No Brasil, o país caminha para bater pelo segundo ano seguido o recorde de óbitos por dengue. No Paraguai, houve pelo menos 40 mortes devido a um surto contínuo de chikungunya que começou no ano passado, conforme os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.