Do Diario de Pernambuco

Foto: Departamento de Comunicação da Prefeitura de Cap-Haitien

Os 274 mil moradores de Cap-Haitien (ou Cabo Haitiano) foram surpreendidos, por volta de 1h de ontem (3h em Brasília), por uma violenta explosão. Uma hora antes, um caminhão-tanque tombou ao evitar uma colisão com uma motocicleta. O jornalista haitiano Alexandre Badley Manocoeur mora a poucas quadras do local do acidente e contou à reportagem que, antes de fugirem da área, as pessoas relataram a conhecidos que a gasolina estava “disponível”.

“Veio gente de diferentes áreas para coletar o combustível, depois do acidente. Algumas pessoas usavam martelos para tentar furar a carcaça do caminhão. A explosão matou, na hora, 59 pessoas. Outras 45 tiveram ferimentos extremamente graves. Os médicos anunciaram que algumas delas não resistirão às queimaduras”, afirmou Manocoeur, por telefone. O motorista do caminhão-tanque chegou a alertar os populares para o risco representado pelo furto. Até o fechamento desta edição, o número de mortos chegava a 66. Segundo a agência de notícias France-Presse, quase 20 residências nas imediações sofreram danos.

Produto cobiçado

Manocoeur explicou que a gasolina é um produto caro no país e não pode ser encontrado em todos os postos de combustível. “As pessoas fizeram tudo o que podiam para pegar a maior quantidade possível de gasolina, com o recipiente que encontraram”, lamentou. “O acidente foi visto como uma oportunidade para que haitianos ganhassem dinheiro com a gasolina.”

O Hospital Justinien, para onde foram conduzidos os feridos, estava sobrecarregado. O governo do Haiti anunciou a instalação de hospitais de campanha. “As pessoas têm queimaduras em mais de 60% da superfície do corpo”, disse o médico Calhil Turenne.