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Colaborou Alana Costa (do Farol de Noticias)

O FAROL conversou com o delegado Olegário Filho, responsável pelo inquérito que apura o assassinato do jovem Glauco Magalhães, ocorrido no último domingo, em Serra Talhada. Na entrevista exclusiva, o chefe de polícia dá detalhes acerca das investigações, revela como foi a ouvida do principal suspeito, o policial militar Marcos Clebson, – que se apresentou na delegacia nesta terça-feira (18) – e quais serão os próximos passos da Polícia Civil. Segundo Olegário Filho, a suspeita é que a arma entregue pelo PM seja a mesma que tenha tirado a vida de Glauco Magalhães. Confira a entrevista!

FAROL – Delegado, o senhor confirma que o principal suspeito do assassinato do garoto Glauco Magalhães, ocorrido no último final de semana, compareceu à delegacia. Quais medidas a Polícia Civil irá tomar depois disso?

Dr. Olegário – O policial identificado como Marcos Clebson, conhecido popularmente como Cléber, foi inquirido aqui na Delegacia de Serra Talhada. Ele se apresentou hoje (18) juntamente com seu advogado, às 15h. E apresentou todas as suas alegações sobre o caso, caso este que ainda está no início, está sendo apurado. Então tem muita coisa para se fazer ainda, muitas pessoas para serem inquiridas, mas o acerto é que as apurações estão adiantadas.

Já ouvimos algumas testemunhas, mas ainda há testemunhas para serem ouvidas, até mesmo para podermos verificar algumas contradições existentes dentro do caso. Foram ouvidas entre 5 ou 6 pessoas, que já constam nos autos. A arma do policial foi apreendida e será encaminhada para perícia, para que a balística possa provar alguma coisa, para ser analisada junto dos projéteis retirados do corpo da vítima.

FAROL – Neste caso, ele ficará sendo alvo de um procedimento investigatório em liberdade… Não deverá ser detido…

Dr. Olegário – Ele se apresentou, na verdade, primeiro em Petrolândia, onde trabalha. Com as informações de que ele era principal suspeito do crime, se apresentou lá, e ontem se apresentou também aqui, em Serra Talhada. Ele é um funcionário público do estado de Pernambuco, tem endereço e trabalho fixo; então é preciso ver se há requisitos para que ele seja preso.

Os requisitos para que se prenda uma pessoa através de um mandato, sem o flagrante, precisam ser preenchidos, como manda a Lei. Se esses requisitos não forem preenchidos, então não é cabível a prisão dele. Existe a prisão em flagrante, a prisão temporária, a prisão preventiva e a prisão por pronúncia, esta última quando já é instaurado um processo, com juiz, promotor… Aí já é outro tipo de prisão.

Ao final do inquérito, pode ser provada ou não a culpa. Isto ao final do processo, e dependendo do parecer do juiz. É possível também que se responda por todo o processo em liberdade. Por conta da situação dele, ser funcionário público do estado, ter residência fixa, não ter nenhum outro processo contra ele… Mas, como dizemos, ainda é cedo para conclusões, pois tudo é possível. É possível que ele seja preso ainda nessa fase (investigatória)? É! De acordo com as investigações, se a gente vê se ele deu algum motivo para isso.

FAROL – Qual a versão do suspeito? Ele assume a autoria dos disparos?

Dr. Olegário – Ele disse que teve uma discussão com a vítima, e quanto à conclusão mesmo do fato deve ser resguardado, apenas em juízo. É segredo de justiça, não podemos revelar esta parte. Mas ele reconhece que esteve lá no evento e que teve esse problema com a vítima.

FAROL – Então ele assumiu a autoria dos tiros…

Dr. Olegário – Essa parte é que, através de seu advogado, foi proclamado o sigilo. Ele é suspeito, ele esteve no local do crime; quanto a ele ser o autor, foi solicitado a reserva, o sigilo…

FAROL – Isto não pode ser revelado à imprensa, por quê?

Dr. Olegário – O que é revelado é que ele é o principal suspeito do crime. É notório e toda cidade sabe disso. Ele é o principal suspeito.

FAROL – Podemos dizer então que ele veio prestar depoimento, que é o principal suspeito e que teve uma briga com a vítima… Mas o que garante que a arma apresentada seja mesmo a do suspeito?

Dr. Olegário – Arma dele foi apreendida. Então se fará a comparação e assim se terá a prova final, a chamada prova material. É a prova que não pode ser modificada, mas, para isto, irá se analisar a arma e os projéteis retirados do corpo da vítima. Com esta prova, não tem como se comprar uma testemunha. E mesmo que se declare culpado, a própria lei diz que a confissão não é a última prova, afinal, a pessoa pode confessar um crime e não ter sido ele, às vezes está encobrindo o crime de outra pessoa, por incrível que pareça.

A confissão dele por si só não gera uma prova de veracidade plena. A prova material, se na perícia for comprovado que os projéteis foram lançados da arma dele, que foi apreendida e está aqui, então é uma prova. Ele mesmo confessou que houve essa discussão com a vítima. Chegaram às vias de fato, uma briga mesmo, como a gente diz. Ele estava com a arma na festa, foram realizadas pesquisas para saber se ele tinha outra arma, e não há, é apenas esta que foi apreendida.

As armas da Polícia são de carga pessoal. Elas estão registradas em nossos nomes, tem uma numeração. Ou seja, essa arma apreendida está registrada no nome dele. Se ele tivesse apresentado outra arma, teria como provar que não é dele, já que não teria o registro. Mas, a que aqui está apreendida é a arma do policial Cléber. O Instituto de Criminalista irá realizar a perícia e saber se os projéteis saíram da referida arma, mas a suspeita é de que esta seja a arma do crime, a arma registrada em nome do policial Cléber.

FAROL – O suspeito receia algum tipo de retaliação? A polícia está atenta a isso?

Dr. Olegário – A preocupação existe sim, devido a tudo o temos ouvido pela cidade, não só os policiais, mas os próprios cidadãos tem ouvido. Já tivemos informações de que câmeras de segurança da cidade filmaram pessoas suspeitas rondando a casa de parentes do suspeito. Então há indícios fortes de que retaliações podem acontecer.

Ele, o suspeito, trabalha na corporação, é policial, mas seus familiares não são. Se os familiares forem vítimas de alguma ameaça, podem comparecer aqui na delegacia e prestar queixa. O suspeito não está recebendo nenhum tipo de proteção específica; ele trabalha dentro do órgão policial, então, claro, sabemos que é muito mais difícil a pessoa ser atacada lá dentro (do Batalhão). Até pela função que ele exerce, já que não trabalha na rua.

FAROL – Ele continua trabalhando na corporação?

Dr. Olegário – Sim, na parte administrativa. Ele está em serviço interno lá em Petrolândia.

FAROL – Doutor, podemos dizer que foi livrado o flagrante?

Dr. Olegário – Eu era o delegado de plantão nesse fim de semana (quando aconteceu o crime). Se ele (suspeito) tivesse sido pego no dia, teria sido preso em flagrante. Por pouco também já não estaria com a prisão dele em mãos. O fato dele ser policial é um agravante. Mas, por ter se apresentado, vimos que ele estava disposto a falar.

FAROL – Então houve uma antecipação dos fatos…

Dr. Olegário – Nós estamos procurando prender o autor do fato. Então, se for comprovado que ele é o autor do fato, ele será preso. Mas, não deixa de ser verdade que ele se antecipou. Se antecipou e se apresentou e vai, por hora, responder em liberdade. Ele está sendo investigado; quanto a responder ao crime, isto será em juízo, e após a investigação.