Após ouvirmos Dona Josimá Antunes (leia entrevista clicando aqui), a mãe da criança M.C., de 7 anos, violentada durante mais de um ano pelo pregador de uma igreja evangélica de Serra Talhada, o FAROL procurou a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil – secccional Serra Talhada), através do seu presidente, Esterfesson Nogueira.

Diante do relato, ele colocou à disposição de Dona Josimá o advogado Lúcio Renato Vasconcelos, presidente da Comissão da Criança e Adolescente da Ordem (leia matéria aqui).

Nesta quarta-feira (16), escutamos o lado da Polícia Civil, que teve um papel importantíssimo na conclusão do inquérito investigativo em um mês, quando desvendou o caso, considerado desfavorável ao acusado. Ele está foragido. O inquérito passou pelas mãos do Ministério Público e está no Fórum de Serra Talhada. Abaixo, publicamos na íntegra a entrevista com o delegado, Olegário Filho. Confira!

Entrevista delegado Olegário Filho

FAROL – A mãe de uma criança de 7 anos nos procurou para denunciar que sua filha foi estuprada. E disse que a polícia já estaria ciente do fato. O que há de concreto do trabalho da Polícia Civil sobre este caso?

Delegado Olegário Filho – A Polícia Civil teve conhecimento do fato através de registro de ocorrência feito nesta delegacia. E, imediatamente com o registro, iniciamos as providências investigativas. Compareceram à delegacia os familiares da menor acompanhados pelo Conselho Tutelar. Então, o Conselho Tutelar participou ativamente do fato e fez todas as providências que cabiam a eles. Nós encaminhamos a criança para um hospital imediatamente, para que fosse realizada a perícia. E constatou-se o fato. A perícia teve suas conclusões que atestaram atos libidinosos que atualmente a lei considera como estupro. Após essa confirmação, instauramos inquérito policial e concluímos o inquérito em menos de um mês. O fato nos chegou em meados de agosto e concluímos o inquérito em 30 de agosto e encaminhamos isso à Justiça.

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FAROL – Então o senhor confirma a participação efetiva do Conselho Tutelar e da Polícia Civil no caso, que – baseada em provas – concluiu o inquérito em desfavor do acusado…

Delegado Olegário Filho – É um caso delicado, complexo e está sendo tratado como segredo de Justiça. E talvez, por esses motivos, a família chega a divulgar que a polícia não fez nada. Mas é porque não divulgamos o que é feito. Para nós importa terminar o nosso trabalho e enviar o mais rápido possível o inquérito para a Justiça para que seja resolvido celeremente. O caso é tratado em segredo de Justiça e não há de se querer que a gente chegue para a família, em qualquer que seja a ocorrência, para ficar informando do pedido da prisão da pessoa. Nós tomamos as nossas medidas e não comunicamos, pois não fazemos propaganda do nosso serviço.

FAROL – Então o senhor afirma que o caso está somente nas mãos da Justiça…

Delegado Olegário Filho – Tudo que cabia à Polícia Civil já foi feito e agora a gente e a família devemos aguardar do Poder Judiciário à decisão. Foi feito o que coube ao Conselho Tutelar e à Polícia. Tenho certeza que foi feito também o que coube ao Ministério Público e está sendo feito o que cabe, agora, ao Poder Judiciário, mas tudo ao seu tempo.

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FAROL – Após um mês de investigação, baseado em provas e relatos, o inquérito da Polícia Civil foi desfavorável ao acusado. Isso indica que ele deve ser condenado?

Delegado Olegário Filho – Tudo o que foi coletado nos autos foi realmente desfavorável ao acusado. Mas é preciso ver se, realmente o que há, é palpável e pode ser utilizado para uma condenação futura. Isso vai ser caso do devido processo judicial.

FAROL – A polícia sequer conseguiu escutar o acusado, porque ele fugiu. O que atesta um grau de culpa. É isso?

Delegado Olegário Filho – De fato, o acusado evadiu-se. Não foi localizado. Foram escutados parentes dele que nos informaram que ele tinha ido embora de casa. Ele pode ser considerado um foragido (da polícia) porque não compareceu à delegacia e não foi encontrado embora várias intimações foram enviadas.

FAROL – A mãe da criança nos relatou que sente medo pela segurança da menina. O que a polícia pode fazer com relação a isso?

Delegado Olegário Filho – Inicialmente e durante todo o decorrer do inquérito não nos foi dado conhecimento sobre nada disso. Ninguém informou que estava ocorrendo risco de nada. O caso foi tratado com a gravidade inerente ao caso, mas não disseram nada sobre isso. Mas lemos na entrevista dela (ao FAROL DE NOTICIAS) que ela alega isso. Então, vamos entrar em contato até para explicar isso. E se tiver informações materializadas podemos inserir isso nos autos. Ela precisa nos ajudar a obter essas provas e nos comunicar se realmente está acontecendo isso.

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FAROL – Qual a garantia que a Polícia dá para família então, diante do desabafo da mãe da criança violentada?

Delegado Olegário Filho – Foi realmente um desabafo, mas digo que ela precisa agora esperar um pouco mais da Justiça. É porque os procedimentos se avolumam aqui na delegacia, bem como no Ministério Público e na Justiça. Nós costumamos e pretendemos sempre cumprir os prazos. E fizemos o nosso papel em menos de 30 dias. O Ministério Público provavelmente fez o papel dele e agora é a vez da Justiça cumprir dentro do prazo dela. Então, essa mãe e a família precisam ter paciência agora, pois eu tenho certeza que a justiça vai ser feita. Porque é um caso bastante conhecido, notório e para nós, foi um caso relativamente fácil de apurar, pois as provas eram bastante palpáveis.