Catador de recicláveis de ST tem carro apreendido

Fotos: Farol de Notícias/Jéssica Guabiraba

Publicado às 05h10 desta quarta-feira (9)

Nessa terça-feira (8), o catador de recicláveis José Leite Alves Paixão, mais conhecido como Zé Leite, 33 anos, morador do bairro Mutirão, em Serra Talhada, buscou o Farol para fazer um apelo à população serra-talhadense. Zé Leite teve seu carro apreendido, o veículo modelo Santana era utilizado para o trabalho e agora precisa de R$ 1.661,80 para fazer a retirada e não tem como conseguir já que está sem trabalhar.

Com o carro, ele conseguia fazer uma coleta maior e junto com mais 3 amigos, conseguia o apurado que ajudava a se manter. Na última sexta-feira (8), voltando do distrito de Varzinha, foi parado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e como estava sem o documento o carro ficou apreendido.

“Na minha casa e na casa do menino que trabalha comigo não tinha nada para comer, a gente estava reciclando só que o material a gente não tinha vendido e eu vendo material de limpeza também, fui cobrar lá em Varzinha, de lá para cá a gente não recebeu nada, ou seja, todo mundo liso, sem comida em casa, sem dinheiro, sem nada, eu vinha de lá para cá a 100 km, quando a gente passa dos guardas eu fui maneirando, passei, perdi um pouco para passar a ladeira. Segundo os meninos que estavam comigo, a viatura estava atrás da gente, eu não vi, passei normal, na minha frente tinha um carro, acho que era um Gol que fez uma manobra e eu tive que fazer um desvio, vinha outro caminhão na frente, eu não podia frear de vez, quando chegou perto do Assaí eles acenderam a luz, eu parei o carro, tinha dois policiais”, afirmou Zé Leite acrescentando:

“Já foram logo com ignorância, perguntaram se eu bebia, se eu fumava, se eu era bandido, começou praticamente a agressão, querendo bater e tudo mais, pediu o documento do carro eu falei que não estava ali, mas, estava em casa, estava errado, porque eu estava sem o documento do carro, mesmo assim eles falaram que iam ter que levar o carro, eu me desesperei, porque eu perdi um outro carro. Comprei esse carro por R$ 4.550,00, ainda estou pagando parcelado. Quando falaram que iam tomar meu carro eu me desesperei, é meu ganha pão. Teve um policial que foi muito gente boa comigo, vale a pena ser policial igual a ele, que entendeu a situação”.

RESISTÊNCIA

A confusão aumentou, segundo Zé Leite, no instante em o veículo do guincho chegou para rebocar seu carro. “Só que quando o guincho chegou eu chorei, passei do limite, não deixei colocar o guincho, começaram chacoalhar de um lado para o outro, terminaram levando, na delegacia o cara ficou filmando, tirando onda da minha cara porque eu sou negão, pegou no meu cabelo, só porque tenho dread, nem mostro para ninguém, uso porque gosto, foi com preconceito, não aguentei vê-lo na delegacia. Estou precisando do carro para trabalhar, o único meio de vida que achei foi esse, se alguém poder me ajudar eu agradeço, tenho 4 filhos, não sou bandido nem nada, gosto de ajudar e ser ajudado”.

Zé Leite relatou que se sentiu constrangido com a situação, por isso perdeu a cabeça no momento do ocorrido. Ele está muito preocupado porque tem feira, aluguel e não vai conseguir pagar, além disso tem os amigos que trabalham com ele e dependem do mesmo carro. Zé Leite tem 4 filhos, sendo o mais velho de 9 anos e só ele trabalha em casa, está passando necessidade.

“Nunca briguei com ninguém, nunca agredi ninguém fui nem na delegacia, não bebo nem fumo, todo mundo me conhece, estou precisando de ajuda. Um pai de família vendo faltar as coisas dentro de casa, endoida, como eu endoidei, peço desculpa aos policiais perdi a cabeça, mas é que o cara ser  zombado é ruim demais. Meus filhos estão em casa, só comeram porque ontem eu vendi umas latinhas. Na delegacia falaram que eu passei dos limites, infelizmente eu passei mesmo, peço desculpa, quem puder me ajudar eu agradeço de coração. O valor que tenho a pagar é de R$ 1.661,80, eu  produzia mais com o carro, agora se muito consigo é R$ 10,00, antes tirava uns R$ 100,00 reais por dia”, detalhou sem conter as lágrimas.

Para ajudar você entra em contato pelo telefone (11) 98556-0286 (número de Thiago que é vizinho de Zé Leite). Doações de cestas básicas podem ser feitas na redação do Farol.

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