DO G1

O decano Celso de Mello, mais antigo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), comparou a situação política atual do Brasil à da Alemanha nazista e disse que a intervenção militar pretendida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro significa a instauração de uma “ditadura militar” no país.

A comparação consta de mensagem enviada de forma privada a alguns destinatários próximos neste domingo (31), mesmo dia em que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro promoveram um ato em Brasília no qual pediram medidas inconstitucionais, como intervenção militar e fechamento do Congresso e do STF.

O gabinete do ministro informou que a manifestação foi exclusivamente pessoal, sem vinculação com o STF, não consta dos autos de nenhum processo e não foi enviada a ministros do STF.

Celso de Mello é o relator do inquérito em tramitação no STF que apura suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal para evitar investigações de familiares dele. O inquérito foi aberto a partir de denúncia do ex-ministro Sergio Moro – Bolsonaro nega interferência na PF.

“É preciso resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar, quando Hitler, após eleito por voto popular (…) não hesitou em romper e em nulificar a progressista , democrática e inovadora Constituição de Weimar”, diz a mensagem de Celso de Mello.

O ministro lembra que isso impôs àquele país “um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição, em março de 1933, da lei (nazista) de concessão de plenos poderes (ou lei habilitante) que lhe permitiu legislar sem a intervenção do parlamento germânico”.

De acordo com a mensagem de Celso de Mello, a intervenção militar pretendida por apoiadores do presidente “nada mais significa, na novilíngua bolsonarista, senão a instauração, no Brasil, de uma desprezível e abjeta ditadura militar”.

Segundo ele, bolsonaristas e outras lideranças autocráticas “desprezam a liberdade e odeiam a democracia”.

Reações

Sem se referir a Celso de Mello, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, publicou nesta segunda-feira (1º) mensagem em rede social na qual afirma que comparar o Brasil à Alemanha nazista “é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz”.

“Comparar o Brasil à ‘Alemanha de Hitler’ nazista é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz. A Democracia Brasileira não merece isso. Por favor, respeite o Presidente Bolsonaro e tenha mais amor à nossa Pátria”, escreveu Ramos.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, ao se aproximar de protestos contra o tribunal – como o deste domingo (31) –, o presidente Jair Bolsonaro “indiretamente apoia o movimento”.