Bom dia, boa tarde e muito boa noite fiéis leitores deste FAROL sempre aceso e iluminado. Escrevo estas mal tecladas com um sentimento de alívio e sem respiração ofegante. Afinal, o mundo não acabou. Pelo menos por enquanto. Os Maias, se estivessem vivos teriam pago o chamada ‘mico do século’. O 21/12/2012 passou sem maiores problemas. Ops! melhor dizer com os problemas de sempre: poluição, mortes no trânsito, assassinatos, tráfico de drogas, violência contra a mulher, abandono de crianças e por aí vai. Ufa! será este o sinal do fim dos tempos? Aliás, teve gente que ficou à espera, no último dia 21, de um anjo com uma enorme trombeta fazendo estardalhaço: “Arrependei-vos, arrependei-vos; ou irão queimar no fogo do inferno, num calor da bexiga lixa, e o satanás com um tridente só futucando… Esta cena ainda não ficou na história.

Noves fora nada e comendo pelas beiradas, o mundo acabou mesmo para o meu amigo Chico Preá, o filosófo de Água Branca. Arriégua. Não é que o homem acreditou  na bagaceira. Pois bem. O caso eu conto como o caso foi. Préa não fez tal qual alguns americanos que criaram até cavernas com suporte pós fim do mundo. Fez pior. Crente que esta terra de meu Deus estava por um fio nosso herói começou a se despedir logo no dia 20. Tomou todas as lapadas de cana que tinha direito. Criou confusão no bar do Beroaldo, chamou Severina de gostosa e tascou-lhe a mão na sua bunda, juntou a banca de jogo de bicho de Manezin Patola, xingou o cabo Rolando de “agiota safado” e ainda saiu correndo feito um louco, na ruinha de Água Branca, batendo nas portas do povo. Na prática, Chico Preá fez o fim do mundo no meu eterno paraíso onde irei terminar minha passagem por este braseiro. Arretei-me!

Entretanto e mode coisa, a confusão ainda estava por vir. Ao chegar em casa, bêbado, liso e empolgado, Chico Préa praticamente intimou a coitada da comadre Zefa a ser sua escrava sexual. “Vixe Chiquinho que não aguento mais tanto fumo. Me dê uma folguinha pra limpar as assaduras”, clamava a penitente, sob os protestos do devasso. “Mulé, enquanto eu tiver na posição de continência e respeito a bandeira nacional eu não paro. O mundo vai se acabar…. vai se acabaaaaar”, uivou Chico Preá, caindo inerte na cama. Assustada, comadre Zefa perguntou. “Chiquinho, tu teve um passamento?”, e na ponta da língua veio a resposta. “Não, Zefa; acabou o gás, acabou o gás. É o fim do mundo”.

Pois bem. Noves fora nada, eis que chegou a hora da ressaca moral. Neste sábado (22), Chico Preá acordou meio que alesado questionando onde estava… se no céu ou no inferno. Ao ouvir a resposta da comadre Zefa, que se encontrava “estrupiada” com as vestes rasgadas e repleta de arranhões e mordidas, o próprio filósofo deu a sentença. “Me lasquei. A quebra do fim do mundo acabou quebrando comigo. Tomei no caneco”, disse Preá, quando ouviu pancadas em sua porta. “Chico Preá, cabra safado, abra a porta para uma autoridade da Policia Militar de Pernambuco. Aqui quem fala é o cabo Rolando, a quem você destratou quando tava com o fundo cheio de cachaça. Ou você paga o que me deve, ou o mundo pra você vai acabar nas barras dos tribunais”, gritava o cabo, de forma insistente.

De pronto, O filósofo de Água Branca vestiu a cueca de copinho, botou a bermuda e saiu pelos fundos aos gritos. “Meu Deus, meu Deus, porque tu foi ter pena deste povo mal agradecido. Agora tende piedade de mim. Ai meu Deus”. Era repetindo esta frase e se embrenhando no oco do mundo. O caso eu conto como o caso foi. Feliz Natal e um Ano Novo sem sustos.